sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A reconstrução do debate sobre cotas

Nos últimos anos tem muito se discutido sobre a reserva de cotas para diferentes grupos sociais.
O sistema de cotas está introduzido no conceito de ação afirmativa surgido nos Estados Unidos na década de 1960. É uma medida governamental que visa atender determinados grupos sociais à margem da sociedade, visando acelerar a inclusão social dos mesmos, com a idéia de justiça social e intuito de diminuir a discrepância entre a raça “negra” e outros grupos raciais, nos últimos anos vem sido proposto à introdução de uma porcentagem mínima de estudantes negros nas universidades brasileiras.
O debate tem se estendido por diversas camadas da sociedade, por diversos veículos de comunicações e personalidades, acadêmicos, famosos e até cidadãos comuns. As opiniões diferem e muitas vezes se assemelham, com fundamentos ou infundadas, a favor ou contra as cotas. Torna-se evidente que o debate sobre as cotas está cada vez mais presente em nossa realidade em boa parte da sociedade.
O debate abrange muitos temas, dentre eles o racismo, diferenças de classes, inconstitucionalidade, dívida da sociedade em relação aos negros e seu passado de escravidão, entre outros.
O principal argumento das pessoas que são a favor das cotas é de que “As desigualdades são graves e, ao afetarem a capacidade de inserção dos negros na sociedade brasileira, comprometem o projeto de construção de um país democrático e com oportunidades iguais para todos. Apresentam-se em diferentes momentos do ciclo de vida do indivíduo, desde a saúde na infância, passando pelo acesso à educação e cristalizando-se no mercado de trabalho e, por conseqüência, no valor dos rendimentos obtidos e nas condições de vida como um todo. Está presente na diferença entre brancos e negros em termos de acesso à justiça.” (Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas, Rosana Heringer). Em muitos casos aparece a alegação de que todos temos uma “dívida” com os negros devido ao passado de explorações aos negros através da escravidão, e que as cotas seriam uma maneira de realizar essa “justiça social”, “O Brasil foi o último país do mundo a abolir o trabalho escravo de pessoas de origem africana, em 1888, após ter recebido, ao longo de mais de três séculos, cerca de quatro milhões de africanos como escravos. Embora nenhuma forma de segregação tenha sido imposta após a abolição, os ex-escravos tornaram-se, de maneira geral, marginalizados em relação ao sistema econômico vigente.” (Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas, Rosana Heringer).
Em contra partida as pessoas que são contra as cotas, argumentam principalmente com a hipótese de que as cotas aumentariam o preconceito, a segregação, exaltaria o conceito de raça dividiria o Brasil em duas, negra e branca. Essa polarização de raças aumentaria o preconceito, pois o Brasil é uma sociedade híbrida, onde predomina a miscigenação, diferente de outros países como os E.U.A e África do Sul por exemplo, onde houve um racismo bem mais assumido, e os países foram separados em duas raças, negros e brancos, portanto, nesses países sim a Ação afirmativa é válida. “ações afirmativas em prol da “população negra”, rompem não só com o a-racismo e o anti-racismo tradicionais, mas também com a forte ideologia que define o Brasil como país da mistura, ou como preferia Gilberto Freyre, do hibridismo. Ações afirmativas implicam, evidentemente, imaginar o Brasil composto não de infinitas misturas, mas de grupos estanques: os que têm e os que não têm direito à ação afirmativa, no caso em questão, “negros” e “brancos”...” (A persistência da raça, Peter Fry).
Realmente os índices comprovam que entre os negros estão em sua maioria nas camadas sociais mais baixas, e que os brancos predominam na classe sociais mais elevadas, entretanto as cotas da maneira como têm sido impostas, não são a solução para a desigualdade entre negros e brancos. Assim como Peter Fry acredito ser perigoso qualquer tipo de política que exalte a raça, exaltar a raça aumentaria a segregação em um país onde todos somos misturados, onde descendemos de índios, negros e brancos, e da mistura pacífica, ou não deles. No Brasil não há um problema racial, e sim social, portanto, se a maioria dos negros estão nas camadas inferiores, sou a favor de uma política de cotas para os pobres, assim, haveria uma política que beneficiaria a população negra e os mais pobres, não exaltaria a raça, não dividiria o país em dois, aumentando a segregação, e haveria justiça social.

Bibliografia:

FRY, Peter. A persistência da raça: Ensaios Antropológicos sobre o Brasil e a África Austral. Civilização Brasileira, 2005.
HERINGER, Rosana. Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas, Centro de Estudos Afro-Brasileiros, Instituto de Humanidades, Universidade Cândido Mendes.
GOMES, Fábio. S. Cotas para Negros: Justiça Social ou Segregação?. O Jornal, Batatais – São Paulo, 2009.
KAMEL, Ali. Aos congressistas, uma carta sobre cotas. Jornal O Globo, 16 de Novembro de 2004.


Texto desenvolvido por Geovane Jardim Viana, aluno do 6º Semestre de Itaquaquecetuba.

Música nos Anos de Chumbo

A música do compositor Chico Buarque “Apesar de você”, foi elaborada em meados da década de 1960 e 1970, período em que vigorava o Regime Militar, com isso nos da a possibilidade de identificar se o conteúdo da música, correspondia aos fatos históricos da época.
A escolha por trabalhar com música surgiu por ser uma das artes que pede sensibilidade a um dos nossos sentidos, este por sua vez, não menos importante que os demais, porém fundamentalmente essencial, a audição. A motivação da escolha se dá, por seu momento histórico.
No período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), muitos foram os protestos elaborados para criticarem o regime imposto aos brasileiros. Protestos através do teatro, cinema, e a música, estas ficaram conhecidas como canções de protesto.
O golpe de 1964 fora executado para aparentemente livrar o país da corrupção e do comunismo, e assim restaurar a democracia, mas o novo regime instaurado iniciou mudanças nas instituições do país, e estes decretos, em especifico o Ato Institucional n5 (AI-5) fica marcado pelo modo agressivo na censura dos meios de comunicações.
O AI-5 não teve prazo de vigência, durou até 1979. Pelo AI-5, era possível suspender direitos políticos, assim como demitir ou aposentar servidores públicos. A censura aos meios de comunicações, a tortura passou a fazer parte dos métodos do governo. Todos que agiam contra o Regime Militar, eram punidos severamente, muitos com a própria vida.
Levando em conta o momento político, econômico e histórico do Brasil na década de 1960 e 1970, várias pessoas foram obrigadas a deixar o país naquele período, dentre elas, muitos artistas que com suas obras, mesmo que de maneira sutil, foram consideradas subversivas pelo Regime Militar. O mesmo ocorreu compositor Chico Buarque. Após voltar do exílio em 1970, compôs a música “Apesar de Você” que é tema deste trabalho.
A música “Apesar de Você”, contrário ao que muitos acreditavam ou acreditam se tratar de uma música de amor, por sua frase- “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”, na verdade é um grande protesto político.
Com isso, é possível analisar que a música “Apesar de Você” discute em forma poética, o protesto político referente ao período vigente da época, por mencionar, algo como: “Hoje você é quem manda, falou ta falado não tem discussão”, ou seja, o compositor consegue retratar o modo que os militares com seu autoritarismo manipularam o país. No desfecho dessa obra, injeta ironia ao mencionar que esta censura, irá acabar e os militares irão arcar com todo sofrimento imposto à população.
O compositor com sua música não tinha somente a intenção de opor-se a censura cultural imposta pelo Regime Militar, e sim também, a intenção de atingir as massas, para que estas pudessem perceber a repressão neste processo político autoritário.


Bibliografia

www.facasper.com.br/cultura/site/ensaio
vilamulher.terra.com.br › ... › Blog

Fonte Iconográfica:discodobrasil.com.br

SANTANA, Affonso Romano de. A Musica contra O silêncio. Ex. Música popular e moderna Poesia Brasileira Vozes. Petrópolis 1978


Texto desenvolvido por Helenita Gomes Ferreira, aluna do 6º Semestre do Campus de Itaquaquecetuba.

Capitães de Areia: uma abrodagem reflexiva

A utilização desta obra se deu pela relevância que o autor Jorge Amado tem neste período, sendo um material muito rico para fazer uma abordagem com problematizações presentes tanto na sociedade quanto relatado no livro, buscando meios para relativizar e identificar as passagens pertinentes, além de trabalhar com a interdisciplinaridade.
Contudo, o livro traz em pauta muitos problemas sociais, relações conflituosas entre órgãos governamentais, além de conflitos individuais, todavia iremos nos pautar na “Imprensa Amarela”, e depois modificada para “Imprensa Marrom”, somente para não estendermos por demais o assunto e compreendermos qual a importância deste veículo como instrumento difusor de pensamentos, ideologias e conceitos sobre determinados assuntos.
As fontes e metodologia utilizadas num primeiro momento são as seguintes: o livro Capitães de Areia, o próprio livro didático, estudo sobre vida e obra de Jorge Amado, estudo sobre o regionalismo presente na região nordeste do país e documentos correlatos ao tema.
Para melhor entendimento do percurso que seguirá este trabalho segue um breve resumo tanto da vida do autor, do regionalismo e do livro:
Jorge Amado nasceu em Itabuna, região cacaueira da Bahia, em 1912, fez seus primeiros estudos em Ilhéus e formou-se em Direito no Rio de Janeiro. Colaborou na imprensa, estreando na literatura em 1932, com o País do Carnaval. Participou ativamente da luta política do país, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, sendo preso e, como outros prisioneiros políticos, submetido a humilhações na prisão. Posteriormente foi eleito deputado, pelo PCB, mas perdeu seu cargo, pois o partido foi considerado ilegal. Mudou-se então para o exterior, época em que visitou vários países socialistas.
Jorge Amado é o grande representante do regionalismo baiano. Suas obras apresentam uma linguagem “incorreta” e simples – pois ele retrata o falar do povo – e um conteúdo humano e social cheio de elementos folclóricos, de tradições e crenças da Bahia. Criou tipos marginalizados, utilizando-se deles para analisar toda a sociedade.
Esta literatura regionalista surge para registrar a psicologia, a fala e o mundo dos excluídos, extirpados do centro do Brasil, procurando transmitir suas emoções, os fatos da vida atual e a realidade do país de uma forma mais livre. Percebe-se um vocabulário cheio de expressões coloquiais, traduzindo a fala típica brasileira, versos livres e estilo conciso.
Trata-se de uma fase de construção, com idéias literárias inovadoras e de muita produtividade, principalmente na prosa e poesia. Politicamente, os acontecimentos eclodem, tanto fora do país (Depressão Econômica, Nazismo e Segunda Guerra Mundial) como aqui dentro do Brasil (Ditadura de Getúlio Vargas e Estado Novo).
O livro trata especificamente de um grupo de meninos de rua que vive num trapiche abandonado e são conhecidos como Capitães da Areia, o autor cita o seguinte em suas considerações sobre a obra (AMADO, 1937, p.396):

“[...] Não são um bando surgido ao acaso, coisa passageira na vida da cidade. É um fenômeno permanente, nascido da fome que se abate sobre as classes pobres. Aumenta diariamente o número de crianças abandonadas. Os jornais noticiam constantes malfeitos desses meninos que têm como único corretivo as surras da polícia, os maus tratos sucessivos. Parecem pequenos ratos agressivos, sem medo de coisa alguma, de choro fácil e falso, de inteligência ativíssima, soltos de língua, conhecendo toas as misérias do mundo numa época em que as crianças ricas ainda criam cachos e pensam que os filhos vêm de Paris no bico de uma cegonha.[...] Vivem pelo areal do cais, por sob as pontes, nas portas dos casarões, pedem esmolas, fazem recados, agora conduzem americanos ao mangue. São vítimas, um problema que a caridade dos bons de coração não resolve. [...] Os Capitães da Areia continuam a existir. Crescem e vão embora, mas já muitos outros tomaram os lugares vagos. Só matando a fome dos pais pode-se arrancar à desgraçada vida essas crianças sem infância, sem brinquedos, sem carinhos maternais, sem escola, sem lar e sem comida [...]”

A obra se divide em três partes, antes de iniciar a primeira parte no entanto, há uma sequência de reportagens e depoimentos, explicando que os Capitães da Areia é um grupo de menores abandonados e marginalizados que aterrorizam Salvador.
Os personagens principais são: O padre José Pedro, Don’Aninha (mãe de Santo), Pedro Bala, Volta Seca, Professor, gato, Dalva, Sem-Pernas, João Grande, Querido-de-Deus e Pirulito.
A primeira parte é especificamente o envolvimento dos meninos com um carrossel mambembe que chegou à cidade, exercendo seu poder infantil. A varíola ataca a cidade e mesmo com o auxílio do Padre José Pedro que vai contra a lei para auxiliá-los, um dos personagens morre.
A segunda parte trata da história de amor que surge quando a menina Dora torna-se a primeira Capitã da Areia. Apesar de inicialmente tentarem tomá-la a força, ela se torna uma espécie de mãe e irmã para todo grupo e tanto Pedro Bala e Professor se apaixonam por ela. O homossexualismo também é comum entre o grupo.
A terceira parte é a desintegração dos líderes, relatando a história individual de cada membro dos Capitães da Areia, justificando suas escolhas individuais e praticamente justificando suas escolhas por meio de suas características pessoais.
Por meio da perspectiva cultural é possível dar vida a uma relação social existente no período da obra, baseado especificamente em um trabalho interdisciplinar e uma articulação com o texto da obra, período histórico, autor e estilo literário, fazendo uma associação rica e trabalhando com outras fontes, tão importantes quanto os documentos.
O mais interessante é que por meio das reportagens constantes no livro é possível resgatar parte de uma história local.
O trabalho é árduo, pois toda obra são fortemente enraizados pelo seu autor, mas isto não tira a possibilidade de fazer um trabalho historiográfico importantíssimo para se compreender a sociedade e os problemas sociais.
Isto demonstra que é possível explicar e delinear os processos históricos, através do diálogo entre as fontes culturais e os debates historiográficos.
O papel do profissional é legitimar e explicar os momentos históricos, em busca da construção destas idéias e descontruí-las e remontá-las novamente.
Este não é um fim, apenas o início de uma pesquisa que deve ser tratada com muito cuidado, pois a Imprensa é um veículo bastante difundido em várias classes sociais e por diversos motivos, e nem por isso, deve ser tratado somente por um viés e sim receber um tratamento mais amplo, para se conhecer a fundo suas particularidades e objetivos.





Bibliografia

AMADO, Jorge, 1912-2001. Capitães da Areia; posfácio de Milton Hatoum – 1ª edição de bolso. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
CÂNDIDO, Antônio. O processo de 30 e suas conseqüências, parte do Simpósio sobre a Revolução de 1930 no RS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: ERUS, 1983.
LAJOLO, Marisa. “Regionalismo e História da Literatura: Quem é o Vilão da História?”. In: Historiografia brasileira em perspectiva / Marcos Cezar de Freitas (org.) 6.ed., 1ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 1998.



Texto desenvolvido por Fernanda da Silva Lira e Marcos Antonio Barreto. Alunos do 6º Semestre do Campus de Itaquaquecetuba.

A História de Um Afro-brasileiro dentre muitos

Este texto objetiva fazer uma síntese sobre o rap, e em particular da letra da música dos Racionais MC’s “Negro Drama” do cd “Nada como um dia após o outro dia” de (2002), escrita pelos os integrantes do grupo: Mano Brown e Edy Rock. Essa obra musical é considerada uma obra-prima , é o verdadeiro discurso dos negros brasileiros excluídos e sem perspectivas. Trata-se de um estilo musical oriundo do movimento hip-hop que tem na essência do rap a tradução de uma ideologia que consiste na autovalorização da juventude negra dos bairros periféricos dos grandes centros urbanos, que denunciam a violência, a exclusão social, e o racismo e a música “Negro Drama” é mais uma nesse contexto a explorar o assunto.
O tema escolhido através da música dos Racionais foi relevante, pois Mano Brown carregado de muita profundidade lírica expõe na letra “Negro Drama” sua experiência em relação ao sistema, que se remete na mesma situação da maioria dos negros do Brasil, herança essa de um passado escravocrata de um Brasil Colonial que ainda perdura nos dias de hoje e que num passado não muito recente se manifestou através do Apartheid dentre outros movimentos segregativos que se assolaram no mundo.
O ensino da História no Brasil tem negligenciado a África, a cultura negra e os afros-descendentes. O Brasil recebeu aproximadamente a metade dos africanos escravizados e traficados pelo mundo. Durante o período colonial relações econômicas e políticas aproximavam África e Brasil, aproximação que foi modificada ao longo do século XIX e início do século XX, por uma política que ainda reflete nesta negligência e que opera uma tentativa de desconexão entre africanos e brasileiros, que resultou no abandono e menosprezo pelos afros-descendentes. O rap foi uma das vertentes que resgatou a auto-estima e reconectou o Brasil da África, especialmente nos mais jovens, com um tom de protesto e manifesto. Nessa música observam-se os caminhos que sobram para o negro do Brasil como o crime, o futebol e a música esses dois últimos com uma grande exigência de talento caso contrário esse jovem correrá o risco nas estatísticas do crime. Brown menciona muito a figura da mãe que é idolatrada na composição devido a todo esforço que fez em prol do seu filho (Mano Brown). Há de se ressaltar também que esta música denota uma ideologia de superação, perseverança e conquista, sem fazer qualquer tipo de concessão para almejar ao objetivo traçado. A música “Negro Drama” através do rap é mais uma das manifestações sociais que ratifica todo esse processo e nos mostra toda uma História que o Brasil se negou a dizer, e a experiência de Mano Brown e companhia é mais uma dentre milhões de casos com negros pelo mundo, uns com um final feliz e outros com um final terminado em lágrimas, mas que infelizmente ainda existe, e essa música dos Racionais expõem muito bem esses dois lados.

REFERÊNCIAS
FERRÉZ, Capão Pecado, São Paulo: Labortexto Editorial, 2000.
HOBSBAWM, Eric J. História social do Jazz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
CHAUÍ, Marilena O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2ª ed 2008.
Revista Showbizz São Paulo: ed junho. 1998.
Revista Caros Amigos São Paulo: ed janeiro. 1998.
Revista Carta Capital. São Paulo: ed setembro. 2004.


Texto desenvolvido por Fábio Alexandre Pereira da Silva, 6º semestre, Campus Itaquaquecetuba.

Parabéns aos formandos da Primeira Turma de História do Campus Itaquaquecetuba



"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa só, leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso..."

Antoine de Saint-Exupêry


As palavras de Saint- Exupêry resumem perfeitamente o sentimento que construi com cada um de vocês.

Já estou chorando, de novo.

Amo Vocês !!!!!!!

Fabiana Moutinho

Parabéns aos formandos do 6º Semestre do Campus Dutra.


Uma longa etapa foi concluída com muita garra e o futuro abre as portas para uma nova caminhada.Renovam-se as esperanças em seu coração.Entre sorrisos e lágrimas brilha uma grande e sublime felicidade.

Com Carinho, seus
Professores.

O Comunismo e as consequências do poder

Seria muito simples definir o comunismo como uma fatalidade dialética, enumerando os fatores que engendrariam a grande massa super explorada a tomar posse dos meios de produção, e utilizá-los ao seu próprio benefício. Porém, a obra de George Orwell A Revolução dos Bichos (1944) explora um ponto muito mais ambíguo do que a simples relação Burguesia X Proletariado; ela se propõe a discernir o âmago da questão. O problema da sociedade humana são os mecanismos estruturais políticos, ou a própria essência do ser humano, que ao ter acesso ao domínio sobre os outros, revela suas piores mazelas. Seria o homem (bichos não falam, nem se organizam politicamente), como disse Rousseau, um produto de seu meio, ou o texto reforçaria o argumento de Hobbes, quanto à essência subjetivamente corrompida da humanidade ("O homem é o lobo do próprio homem")? Pois, quando o porco da fábula chega ao poder, ele se torna igual ao antigo proprietário da fazenda (segundo a obra, até mais explorador) que ele tanto reprovava. De que adianta, segundo a obra, os sonhos de Major; que simboliza Lênin; ou as grandes idéias de Bola-de-Neve; que simboliza Trotsky; se o grande vitorioso da história foi Napoleão; que simboliza Stalin; ao utilizar a força como meio de imposição de seusideais?!Qual seria o grande fator determinante da história, possuir os meios de produção e controlá-los em seu próprio interesse, ou ser incapaz de resistir ao mesmo erro que todos os outros cometeram? E que apesar de tanta acusação e inconformismo, aqueles que substituem os que no poder estavam, repetem os mesmos atos dantes reprovados. Ou não teria feito os bolcheviques de Lênin o papel da burguesia, no processo da industrialização soviética? E o que falar da nomenklatura, símbolo de corrupção e democracia?Portanto, se demonstra da obra de George Orwell que o status do poder é muito mais perigoso do que a identidade da classe que nele se estabiliza, mesmo porque, em ultima análise, será quem está no poder que irá determinar as posições daqueles que estão participando do processo em voga! Afinal, até um porco com poder se parece com um homem, segundo a obra; e o que é mais lamentável: os homens que estão no poder, ficam parecidos com os porcos!

BIBLIOGRAFIA:HOBBES, Thomas, "Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil", 1651ROUSSEAU, Jean-Jacques, "Do Contrato Social", 1762ORWELL, George, "A Revolução dos Bichos", 1944.



Texto de Deborah Bedento de Mauro, Evaldo Donizeti Vicente e Felipe Barros Santos. Alunos do 6º Semestre do Campus Dutra.

Cultura de Resistência -Brasil 1960-1968

O início da década de 1960 é marcado por problemas econômicos caracterizados pela inflação, pelo alto custo de vida, pelo desemprego, pela instabilidade política e a luta pela permanecia da democracia. O país necessitava de reformas de base.
A população urbana das grandes cidades temia a instabilidade econômica, porem tinha poucas opções para agir.
Os setores progressistas da classe média se organizaram para apoiar movimentos sociais em defesa da democracia.
Em 1961, é criado o Centro Popular de Cultura. Seu plano de ação para mudanças desejadas incluía discussões sobre a realidade sócio política, econômica e cultural do Brasil.
Os CPC’s se organizavam por todo o país. Defendiam a opção pela arte revolucionaria, com o intuito de desenvolver uma atividade conscientizadora junto às classes populares. O objetivo era fazer o povo brasileiro tomar consciência da sua realidade, das injustiças sociais, da exploração do trabalhador, entre outras coisas que iam de encontro aos fundamentos ideológicos do PCB.
As manifestações culturais, artes plásticas, filmes, etc, serviam como instrumentos de conscientização dos marginalizados da sociedade. A música, principalmente, foi utilizada para retratar as dificuldades encontradas pelas classes baixas.
O CPC investiu pesado na busca de um trabalho político ideológico de conscientização, porém não atingiu os resultados desejados. Entretanto, houve grande repercussão junto a casse média.
Muitas canções, peças de teatro, cinema, literatura foram produzidas pelos membros do CPC. A partir desse movimento, por assim dizer, surge a expressão cultura de cultura de protesto.
Os militares assumiram o poder político com o golpe de 64, (o país atravessou 21 anos de governos autoritário, comandados por generais). Com efeito, a luta pela liberdade de expressão, pela democracia, e pelos direitos constitucionais dos cidadãos passou a ser mais intensa. Apesar da situação política delicada, a produção cultural não foi afetada até 1968.
Os jovens do CSP, não intimidaram a produzir trabalhos com o intuito de conscientizar a população. Assim em dezembro de 1964 nasceu o show musical Opinião. A escolha do nome tem um sentido notoriamente político e de resistência e possuía o respaldo de um segmento mais intelectualizado da classe média, que após o golpe militar, passou a se aproximar mais com as propostas do CPC.
Num certo sentido, o Opinião radicalizou e tentou realizar os termos do Manifesto do CPC.
Contudo, não foi à única tentativa de articular a critica social nos palcos brasileiros naquele momento. Entre 1964 e 1966 outros espetáculos teatrais deram grande destaque à musica no sentido, como exemplo podemos citar Arena Canta Zumbi; Liberdade, Liberdade; A Voz do Povo, entre outros.
Alem da música, o cinema trouxe um grande debate sobre a cultura nacional. O movimento ficou conhecido como cinema novo, iniciou por volta de 1960 e durou até 1967. A proposta dos filmes era mostrar a realidade brasileira e as relações sociais conflituosas, ambientadas sobretudo no mundo rural. A “estética da fome” era o principio norteados do movimento.
Entre outras produções do período estão, Vidas Secas, O Pagador de Promessas e Deus e Diabo na Terra do Sol.
A partir de 1964 o cinema foi utilizado para refletir sobre as razões da derrota política do país, levando a esquerda brasileira a fazer uma auto-critica mais radical sobre o contexto.
Nesse período foram produzidos os filmes O Desafio (65), que representou o contexto pós-golpe militar e ajudou a articular a sensação de perplexidade da esquerda brasileira: e Terra em Transe.
Ao contrario da musica, o cinema revê dificuldades em se popularizar e chegar ao grande público consumidor de cultura.

Os Festivais

Entre os anos de 1966 e 1968 os festivais da canção foram os principais veículos da manifestação da canção engajada e nacionalista, voltada para problemas sociais brasileiros.
“Em 1966, a cidade de São Paulo parou para torcer pelas músicas a “Banda” e “Disparada”. Com medo da reação do publico, os jurados decidiram considerar as duas empatadas em 1º lugar.
Em 1967 o clima político tornava-se mais tenso e sombrio. As manifestações dos estudantes pedindo a volta da democracia preocupavam o governo militar. As denuncias sobre tortura ganhavam destaque na imprensa do Brasil e do exterior.
Carlos Marighela, Jacob Gorender, entre outros romperam com o PCB e organizaram novos grupos, preparando a guerrilha contra o regime militar.
Fora do cenário político, a arte entrou no auge da popularidade, a musica popular trouxe uma geração de músicos muito talentosos, entre outros Caetano Veloso, Gilberto Gil.
As composições do período denunciavam a realidade nesse contexto, o destaque vão para Ponteio e Roda-Viva.
Contudo, o grande impacto em 1967ficou por conta de Caetano e Gil, que romperam com os temas do morro e do sertão, trouxeram as experiências urbanas e as guitarras elétricas, nascia então o Tropicalismo, com as musicas Alegria-Alegria e Domingo no Parque.
Os Tropicalistas não compartilhavam das concepções ideológicas do período. O comportamento apolítico dos representantes incomodou boa parte da esquerda brasileira, por outro lado, alguns intelectuais conseguiram enxergar a denuncia política, o atraso, as contradições e o subdesenvolvimento do país nas canções tropicalistas. No final de 1968, Caetano anunciou o final do movimento.
Em 1968 os festivais da canção continuaram com grande prestígio e foram o palco de protestos da classe media intelectualizada, estudantes, etc. Não por acaso o 3º Festival Internacional da Canção classificaria as musicas Sabiá e Pra Não Dizer Que Não Falei De Flores, sensação que ficou com o 2º lugar, até por pressão dos militares que não admitiam sua vitoria.
Em dezembro deste ano foi decretado o AI – 5, assim inúmeros estudantes, intelectuais, políticos e outros oposicionistas foram presos, cassados, torturados ou forçados a exílio. 0 regime instituiu rígida censura a todos os meios de comunicação, colocando fim a agitação política e cultural do período. Nenhuma oposição ao governo seria tolerada, era a época do slogan oficial: “Brasil, ame-o ou deixe-o”
Talvez nunca mais tenha havido na sociedade brasileira uma síntese mais acabada entre política, a vida e a arte como naquele período. A cultura reforçava identidades e valores político-sociais que formaram aquela geração.





Referência Bibliograficas:

CALDAS, Waldenyr. A cultura politico-musical brasileira. São Paulo: Musa, 205.

NAPOLITANO, Marcos. Cultura Brasileira: Utopia e massificação (1950-1980). 3 ed. São Paulo: Contexto,2006



Texto de Cíntia Rodrigues dos Santos, José Jeferson da Silva Ramos e Renata Batista Mello, Alunos do 6º Semestre do Campus Dutra.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Século XX- Movie Maker

Trabalho realizado pelo aluno Agnaldo Augusto Ribeiro, do 6 º Semestre do Campus Itaquaquecetuba, para a disciplina de Tecnologias e Linguagens no Ensino e Pesquisa de História.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A dança das musas e Apolo- Pintura do cabeçalho do Blog


A pintura "As musas dançando com Apolo" é uma obra do artista italiano Baldassare Peruzzi (1481-1537).
No quadro acima vemos as musas dançando com o deus Apolo.
Em ordem númerica temos os nomes das musas:



1.Calliope (Lider das musas e musa da poesia)
2. Clio (musa da história)
3. Erato (musa da poesia amorosa)
4. Melpômene (musa tragédia)
5. Terpsicore (musa da dança)
6. Polínia (musa da poesia lírica)
7. Euterpe (musa da música)
8. Talia (musa da comédia)
9.Urania (musa da astronomia) .