quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Nascimento do Annales (1ª Geração)

No dia 15 de janeiro de 1929 nasce a Annales d´ histoire economique et sociale, uma revista de história idealizada por Lucien Febvre e Marc Bloch. Esta revista tem como objetivo trazer uma nova visão do que é história e como o modo de fazer história deve mudar.
Seus fundadores, assim como outros historiadores da época, cansados de ver a história contada por interesses através da política, guerras e de indivíduos e seus feitos, se propõem em trazer uma nova visão: a história como problema.
O século XIX é marcado por movimentos de especializações, onde nascem as ciências. Para isso são muito utilizados métodos rígidos que fazem das ciências e seus profissionais, especialidades e especialistas fechados em si. Este é o período do positivismo e da metódica, que antecede aos Annales.
Com isso a história se afirma como ciência, ganha reconhecimento e profissionais especializados, ganha seu método, mas ao mesmo tempo perde, porque estes métodos reforçam que a história seja feita através de documentos oficiais.
Febvre e Bloch não têm esta visão fechada da história, e tanto um como o outro acredita na interdisciplinaridade. Febvre sente-se muito atraído pela geografia e Bloch pela sociologia, mas ambos sabem e fazem questão de trazer para a história outras ciências sociais, acreditam que desta forma irão enriquecer o conhecimento histórico e quebrar barreiras.
Portanto ao fundar a revista dos Annales juntos de Febvre e Bloch estão: historiadores, antigos e modernos, mas também um geógrafo (Albert Demangeon), um sociólogo (Maurice Halbwachs), um economista (Charles Rist) e um cientista político (André Siegried). (Burke, 1997, P33).
O movimento do Annales não apenas se propôs a mudar a visão da história, como também se tornou história.
O interesse dos Annales por uma história problema e de acrescentar também outras ciências sociais ao mundo da historiografia abre a oportunidade de se pensar a história por novos olhares, dando importância e utilidades para outros documentos, os não oficiais, como monumentos, relatos, fontes orais, crendices populares e o que conhecemos por iconografia.
Incorporando todas essas ciências sociais e aumentando as fontes trabalhadas, todos que desejavam uma nova história, participantes do movimento dos Annales ou até mesmo anteriores a este, com certeza se sentiram mais satisfeitos, pois a história estava aberta e sem preconceitos para a chamada história das mentalidades.
O interesse por estudar mentalidades, assim como psicologia histórica, já era desejada desde muito tempo antes de Febvre e Bloch, porém para a história oficial estes interesses eram vistos relativamente como marginal. Mas Bloch foi pioneiro ao se interessar por estudar a crença muito difundida na idade média dos reis que curavam doentes apenas com um toque (Burke, 1997, P28).
Este com certeza foi um estudo com a temática voltada para as mentalidades, e, portanto Bloch foi criticado, pois ousava em estudar algo que para história oficial não tem importância.
Muitos foram os preconceitos, as críticas e obstáculos ao movimento dos Annales, mas a determinação e o esforço de seus fundadores fez dos Annales, um movimento historiográfico cada vez mais crescente com muito sucesso desde seu início, pois foi inovador e corajoso.
Lucien Febvre e Marc Bloch mantiveram sua ideologia sempre viva, a tal modo que os Annales ganham mais duas gerações após sua fundação.
Essas novas gerações são conhecidas com A Era de Braudel e a terceira geração, que continuam a seguir os passos da primeira que é justamente inovar a história.
A contribuição dos Annales para a humanidade sem sombra de dúvidas foi tão extensa que de fato pode se dizer que foi um marco de uma nova era, onde a história que é o estudo de fatos realizados pelo homem desde seu surgimento no planeta até hoje ganha finalmente a merecida liberdade para analisar sem interesses de poderosos (História Oficial) seu objeto de estudo: O Homem.

Bibliografia

BURKE, Peter A Escola dos Annales (1929-1989): A Revolução Francesa da historiografia. – São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997.

CARDOSO, Ciro F. Uma Introdução a História. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.


Texto produzido por Maria Cristina Freitas, aluna do 2º Semestre do Campus de Itaquaquecetuba.

Um comentário:

  1. TODA ESSA EXPLANAÇÃO QUE FOI FEITA SOBRE A ESCOLA DOS ANNALES E O QUE BLOCH E FEBVRE ACREDITAVAM, FOI MUITO INTERESSANTE, POIS É DIFICIL ENCONTRAR PESSOAS QUE SE INTERESSEM SOBRE ESSE ASSUNTO DAS CIÊNCIAS SOCIAS EM CONJUNTO COM A HISTÓRIA E FAZER UAM INTERPRETAÇÃO QUASE QUE FIEL AO LIVRO DE PETER BURKE... TAL EXPLANAÇÃO ME FOI DE MUITO BOM PROVEITO POIS ESTOU FAZENDO UM SEMINÁRIO NA FACULDADE SOBRE ESSE ASSUNTO!!!!! :D

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