sexta-feira, 27 de maio de 2011

História UNG Informativo do curso – ABRIL - MAIO –JUNHO 2011 nº 40
Curso de História lança livro em Itaquá
No dia 17 de maio ocorreu o lançamento do livro "Memórias e Histórias de Itaquaquecetuba" no Museu Municipal de Itaquá. O evento contou com a presença de mais de 100 pessoas, estudantes e professores da UnG, secretários municipais de cultura, educação, saúde e outras autoridades locais. Nos discursos foi destacado o lugar importante do curso de História para ajudar a resgatar a memória da cidade e região, dos seus moradores e da necessidade de apoio do poder público local para estas iniciativas. O prof. Everaldo propôs ao secretário de cultura que lance uma revista de cultura da cidade, que terá todo o apoio do curso. Houve mesa de autógrafos com os autores (ex-alunos) e um coquetel para todos os presentes. O livro foi fruto de pesquisas originais dos alunos da primeira turma de História formada em Itaquá e foi coordenado pelo NEPH (Núcleo de ensino e pesquisas em História). Os livros estão sendo distribuídos gratuitamente pela secretaria de cultura para escolas e bibliotecas da região.
Comissões do MEC visitam curso de História
Nos próximos dias 26 e 27 de maio no campus Light e nos dias 20 e 21 de junho no campus Itaquá teremos a visita de duas comissões de avaliadores do MEC (ministério da educação). As visitas fazem parte dos processos de avaliação de cursos realizados normalmente em todas as universidades. O campus Dutra não passará por avaliação agora. Os avaliadores irão visitar as instalações e se reunir com professores e alunos para conhecer nossas atividades acadêmicas (aulas, indicações de leituras, grupos de estudos, publicações, palestras, viagens técnicas etc). Uma boa avaliação interessará a todos os alunos e professores do curso.

Ações do NEPH
Grupo de Estudos
Neste mês de maio teveinício o grupo de estudos de História Antiga. Os encontros são às segundas-feiras e têm por objetivo principal aprofundar conteúdos discutidos em sala. O grupo conta ainda com Cleber Dias, aluno do 5º Semestre, como monitor das atividades.

Visita Técnica à exposição “1908: um Brasil em Exposição”

No dia 21 de maio o Prof. Guilherme coordenará visita à exposição: “1908: um Brasil em Exposição” na Caixa Cultural – Sé. Segunda a curadoria, a mostra é uma retrospectiva da Exposição Nacional de 1908, realizada no Rio de Janeiro, então Capital Federal, para comemorar o centenário da Abertura. Destinada a divulgar aquela exposição, a atual montagem mostra ao público a ‘descoberta do Brasil pelos brasileiros’ e o que significou aquele grande evento – com sua vistosa arquitetura efêmera, concebida nos mais diversos estilos construídos na Praia Vermelha. Exposição aborda a concepção, construção e inauguração da Exposição Nacional”. (www.caixacultural.com.br)

Sessão de Filmes
No dia 15 de maio, por iniciativa do professor Guilherme de Paula C. Santos, os alunos Alex Meusburger, Cleber Ferreira e Tiago Ramos exibiram, no campus Itaquá o filme "Uma Cidade Sem Passado" e promoveram uma discussão sobre o tema "História e Memória". A discussão contou com a participação dos alunos do primeiro semestre do curso, sendo muito produtiva e abrindo fronte para outras discussões, tais como: a objetividade na história, a autenticidade do documento , o papel da memória na sociedade e as possíveis apropriações estatais das pesquisas de historiadores. Aluno Thiago (5º sem Itaquá)

Anpuh realizará congresso nacional em julho
No próximo mês de julho (dias 17 à 22) ocorre na USP o 26º Simpósio Nacional de História da ANPUH (Associação Nacional de História). Esta é a entidade máxima de representação dos historiadores brasileiros e que completa 50 anos de atividades. É importante que todos aqueles envolvidos com a área acompanhem suas notícias e se filiem à entidade. O prof. Everaldo Andrade é membro da diretoria da Anpuh-SP. Acompanhe as notícias da nossa entidade pelos sítios http://www.snh2011.s2.anpuh.org/ e http://www.anpuhsp.org.br/


Considerações sobre a viagem à Santos
No dia 16 de abril os alunos do curso de História e de Turismo realizaram a visita técnica a cidade de Santos e São Vicente. Assim como em outras edições, o objetivo da visita é promover o contato dos alunos com importantes locais e monumentos históricos - espaços portadores de historicidade – contribuindo assim para a ampliação do repertório simbólico e cultural dos estudantes, como mostram as palavras do aluno Guilherme Annunciato do 1° semestre de História de Itaquá: “Posso dizer que esta viagem a São Vicente foi muito interessante, pois podemos conhecer pontos históricos de Santos que nem mesmo imaginávamos que havia lá.Visitamos o Museu do Café, que antes de virar um museu com um grande acervo histórico foi a bolsa de valores do café onde se fazia o pregão,separação e classificação do café. (...) Em São Vicente visitamos a Bica de Anchieta que é o local onde o Padre Anchieta catequizava os índios.Foi uma viagem muito interessante e instrutiva sobre Santos que é um local para onde muitos de nós vamos todos os feriados mas ao mesmo tempo não sabemos de nada sobre ela. Espero que esta tenha sido apenas a primeira de muitas outras visitas”.

7ª Jornada de História discutiu a importância da Comuna de Paris
O cadáver está enterrado, mas a idéia está de pé" (" Le cadavre est à terre, mais l´idée est debout"). Os Miseráveis, Vitor Hugo. Nos dias 10 e 11 de maio ocorreu a 7ª Jornada de História com o tema “140 anos da Comuna de Paris”, promovida pelo curso de História e Núcleo de Estudos Sete de Outubro. No campus Itaquá o prof. dr. Antônio Rago (PUC) discutiu a importância da Comuna de Paris como um grande momento de atuação popular, coletiva e autônoma na política francesa. No campus Dutra, o prof. dr. Henri de Carvalho (FIG) apresentou a contribuição do pintor Gustave Coubert, um dos nomes mais significativos de realismo critico francês, que atuou de maneira engajada como cidadão comunardo, construindo um histórico de contestação e ação política na luta pelos direitos dos trabalhadores. Tema instigante e sem precedentes, a Comuna de Paris traz à tona a possibilidade de pensarmos um mundo melhor em que o homem possa se emancipar das estruturas opressivas e exploratórias de ordem capitalista e imperialista. Participaram alunos dos cursos de História, serviço social e contabilidade. Profª Monica Batista

Alunos realizam levantamento de dados sobre bibliotecas e arquivos
As turmas dos 5º sem. executaram pesquisa em Bibliotecas e Arquivos reais e virtuais. O objetivo da pesquisa foi de observação e levantamento das instalações, dos profissionais, acervo em quantidade, qualidade e diversidade. No caso das instituições virtuais as preocupações recaíram sobre a análise do portal, histórico, links, blogs, divulgação de eventos afins, acesso para se obter arquivos, imagens e sons. Dos resultados parciais apurados ficou patente a carência das Bibliotecas de algumas cidades, que deixam a desejar com relação à salvaguarda do acervo, pois as instalações não favorecem a preservação e os cuidadores não são profissionais preparados para tanto. Por outro lado, registramos também o bom desempenho de algumas bibliotecas públicas. A aluna Elisangela dos Santos de Itaquá recomenda a Biblioteca Guilherme Fiuza no Jd. Pantanal com 6 mil títulos entre livros, revistas, gibis e mais 4 mil títulos de DVD e CD. Todo acervo é emprestado mediante inscrição gratuita. O horário de atendimento é de segunda-feira à sábado das 8 às 20h e aos domingos das 9 às 18h. Profª Sueli Giotto.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Regulamento Concurso Cultural – “Histórias de meu professor de história”



Introdução
O presente Regulamento orienta os interessados em participar do Concurso
Cultural “Histórias de meu professor de história”, promovido pelo curso de
História da Universidade Guarulhos (UnG).
Cláusula 1ª. Do Objetivo do Concurso
O Concurso Cultural “Histórias de meu professor de história” visa estimular o
ler, aprender e ensinar com a História, buscando destacar o lugar central do
conhecimento histórico na formação de todo cidadão consciente. Estimular,
entre os estudantes do ensino médio regularmente matriculados em escolas
públicas ou privadas, a reflexão acerca da História ensinada, bem como sobre
a experiência de aprender História.
Cláusula 2ª. Da Participação
Podem participar do Concurso, todos os alunos regularmente matriculados no
3.º ano do ensino médio, seja da rede pública ou privada de ensino.
Cada participante pode concorrer, apenas, com uma redação,
Está vedada a participação de parentes de membros do corpo docente da
UnG.
Cláusula 3ª. Da Modalidade
A participação se dará através da inscrição de um texto inédito a ser redigido
em português e em forma de prosa.
O tema a ser desenvolvido deverá ser “Histórias de meu professor de História”.
A redação deverá ter entre 50 e 100 linhas, digitado em letra Times New
Roman, tamanho 12, margens 2,5 cm.
A redação deverá ser desenvolvida pelo aluno sob a supervisão do seu
professor de História. Ao professor cabe zelar pela originalidade e ineditismo
do texto.
Cláusula 4ª. Da Inscrição
Para participar do Concurso, o aluno deverá se inscrever até o dia 1.º de
dezembro de 2010.
A ficha de inscrição será disponibilizada no site da UnG (www.ung.br) e na
Direção do curso de História da Universidade, localizada na Unidade
Guarulhos-Dutra da UnG (Av. Anton Philips, 01, Prédio A, Vila Hermínia,
Guarulhos, SP).
O candidato ou o professor supervisor deverá enviar o texto e ficha de inscrição
para a Diretoria do curso de História da Universidade Guarulhos (UnG) por um
dos meios abaixo:
o Pelo correio: Av. Anton Philips, 01, Prédio A, Vila Hermínia,
Guarulhos – SP – CEP 07030-010;
o Pessoalmente, no endereço acima, de segunda a sexta-feira, no
horário das 13h às 21h.
o Por email: historia@ung.br.
Serão considerados inscritos os candidatos que apresentarem as redações
escritas, acompanhadas da ficha de inscrição devidamente preenchida e
declaração da escola que comprove estar regularmente matriculados no ensino
médio.
Frente a informações inverídicas o candidato estará automaticamente excluído
do concurso.
Cláusula 5ª. Do Julgamento
A Comissão Julgadora será composta pelos integrantes do corpo docente do
curso de História da UnG
As redações serão julgadas segundo critérios de originalidade, criatividade,
coesão, coerência, ineditismo, correção ortográfica e gramatical;
Serão valorizadas as redações que apresentarem um encadeamento de idéias
claro e consistente.
Serão desconsideradas as redações que fugirem do tema do concurso ou não
forem inéditas e originais.
Cláusula 6ª. Dos Resultados
A comissão classificará as 30 melhores redações.
O resultado do Concurso será divulgado no dia 15 de dezembro de 2010 no
site da UnG (www.ung.br) e por meio de cartazes afixados nas escolas que
tiverem participantes.
Os candidatos classificados serão convidados a participar da cerimônia de
premiação, que se realizará no Anfiteatro C da Unidade Guarulhos-Dutra da
Universidade Guarulhos.
Do resultado do Concurso não caberá recurso, sendo a Comissão Julgadora
soberana em suas decisões.
Cláusula 7ª. Da Premiação
Os vencedores do concurso receberão como premiação uma Bolsa de estudos
integral (desconto de 100%) para o curso de História da Universidade
Guarulhos, assim classificados:
- 1.º lugar: Bolsa válida para os três anos de duração do curso; 10 (dez) livros
da área de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de História;
- 2.º lugar: Bolsa válida somente para os dois primeiros anos do curso; 4
(quatro) livros de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de
História;
- 3.º lugar: Bolsa válida somente para o primeiro ano do curso e 2 (dois) livros
de História da Alameda Editorial.
Todos os participantes, alunos e professores supervisores serão contemplados
com certificados de participação da Universidade Guarulhos.
Cláusula 8ª. Dos Direitos Autorais
O vencedor do Concurso cede à Associação Paulista de Educação e Cultura,
mantenedora da Universidade Guarulhos (UnG), em caráter definitivo e de
forma gratuita, a propriedade dos direitos autorais resultantes da redação
elaborada para o Concurso Cultural – “Histórias de meu professor de história” ,
para que esta faça seu uso na forma que lhe convier.
Cláusula 9ª. Das Disposições Finais
A Comissão Julgadora é soberana e compete a ela avaliar e resolver casos
omissos e eventuais dúvidas decorrentes deste regulamento, não cabendo
recurso de qualquer espécie.
As bolsas de estudo oferecidas como premiação têm caráter pessoal e
intransferível.
O uso da bolsa de estudos só será permitida ao aluno premiado que for
aprovado no Processo Seletivo para ingresso no 1.º semestre de 2011 da
Universidade Guarulhos.
Guarulhos, 20 de outubro de 2010.

História promove concurso cultural para alunos do ensino médio







Iniciativa premiará com bolsas de estudos os autores das melhores redações com o tema “Histórias do meu professor de história”. Leia o regulamento

Portal UnG (29/10/2010) – O curso de História da Universidade Guarulhos (UnG) divulgou o Regulamento do concurso cultural “Histórias do meu professor de História”. A iniciativa visa estimular a leitura, o aprendizado e o ensino de história, buscando destacar o lugar central do conhecimento histórico na formação de cidadãos conscientes.

O concurso é voltado a todos os alunos regularmente matriculados no 3.º ano do ensino médio, seja da rede pública ou particular de ensino. Par participar, o estudante deve escrever um texto inédito com o tema “Histórias de meu professor de História”. A redação precisa ter entre 30 e 100 linhas, digitada ou escrita à mão.

O conteúdo deverá ser enviado para a Direção do curso de História, juntamente com a ficha de inscrição (disponibilizada abaixo) devidamente preenchida. O envio pode ser feito por e-mail (historia@ung.br); pelo correio (Av. Anton Philips, n.º 01, Prédio A, Vila Hermínia, Guarulhos – SP – CEP 07030-010); ou pessoalmente no endereço citado, de segunda a sexta-feira, das 13h às 21h. O prazo encerra-se em 1.º de dezembro.

Os vencedores do Concurso receberão como premiação uma bolsa de estudos integral (desconto de 100%) para o curso de História da Universidade Guarulhos, assim classificados:

- 1.º lugar: bolsa válida para os três anos de duração do curso; 10 (dez) livros da área de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de História;

- 2.º lugar: bolsa válida somente para os dois primeiros anos do curso; 4 (quatro) livros de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de História;

- 3.º lugar: bolsa válida somente para o primeiro ano do curso e 2 (dois) livros de História da Alameda Editorial.

domingo, 26 de setembro de 2010

O Marquês de Sade.

Donatien Alphonse François de Sade, (Paris, 2 de junho de 1740-Saint – Maurice de dezembro de 1814) é considerado o príncipe da libertinagem, mas me pergunto, seria Sade um libertino devasso ou seguindo os pensamentos de Marc Bloch, seria Sade um “Homem, filho de seu tempo” ?

Segundo a historiadora Elizabeth Roudinesco, no final do século XVIII ao inicio do século XIX, a aristocracia francesa vive em dois universos paralelos, no qual, mantêm uma vida formal em meio à sociedade, e um mundo privado onde realizam libertinagens voluptuosas, atos de devassidão e de promiscuidade excessiva. E é em meio a essa nobreza libidinosa, de natureza obscura, que não se impõem limites, quando se trata da busca do prazer, que o pequeno Marquês, será educado e criado.

Tendo essa sociedade como pano de fundo, Sade tem introduzido em si, o sentimento de superioridade da aristocracia, de pertencer á uma classe que tudo pode, se manifestando em pensamentos e atos no direito de desfrutar a seu bel-prazer das outras pessoas, as usando como objetos e tendo como única importância o prazer próprio, sem peso na consciência de coisificar as suas vitimas. Se tornando o símbolo do lado mais obscuro da aristocracia libertina.

Sade que se consolidou como um Filosofo adepto do ateísmo, se apropriou do discurso Iluminista, e o explorou ao extremo, formulando varias criticas a religião e a moral de seu tempo. Em discursos que desqualificam conceitos morais que repousam sobra a crença cristã.

Seu entendimento revela uma concepção caótica de mundo, onde ele usa sua orientação sexual, produzindo um universo que exalta a mistura da violência com o Libido, a volúpia, o prazer excessivo a luxuria e o egoísmo, o que segundo Sade é inato da natureza humana, o desejo e a busca incessante por prazer, que é reprimido pelos códigos morais, éticos e valores religiosos, que em sua concepção é um aparelho repressivo ideológico da natureza humana, criado pela sociedade.

“Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza”

Marquês de Sade.

Referências Bibliográficas:

Ø NOVAES, Adauto. Libertinos e Libertários. São Paulo. Ed: Cia das Letras.1996.

Ø ROUDINESCO, Elizabeth. A parte Obscura de nós mesmo. Uma história dos perversos. Rio de janeiro. Ed: Jorge Zahar, 2007.

Ø PERROT, Michelle. (org). História da vida privada, 4: Da revolução Francesa a primeira guerra mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

Ø SADE, Marquês. Filosofia na Alcova. Ed. Bertrand. 2007.

Fonte da imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Sade_%28van_Loo%29.png

William J. Duarte Costa , aluno do 6º Semestre de História.

sábado, 25 de setembro de 2010

PERMANÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO CULTURAL NA ALDEIA TEKOÁ PYAÚ.

O conceito de permanência cultural ou tradição cultural tem sido visto pela maioria das pessoas como algo rígido ou estático e imutável, por exemplo: o índio para ser aceito como índio tem que estar caracterizado como no imaginário das pessoas: índio com penacho na cabeça, usando tanga, caçando e pescando para se alimentar. Essa caracterização é veiculada muitas vezes pelo cinema e até mesmo pelas comemorações do dia do índio que acontecem nas escolas de ensino fundamental, onde as crianças levam para casa aquele tradicional penacho feito de papel.

Entretanto, os índios estão inseridos dentro de um novo contexto social e que nós somos apenas mais um dos muitos povos que eles entraram em contato dentro de um processo histórico desde 1500 até hoje. Mesmo os que estão em regiões mais isoladas, cercadas de florestas, vivendo em um ambiente mais natural, como os índios do Amazonas, ainda entram em contato e vivem conflitos em relação à terra com o homem não indígena ou indígena de etnias. Ou seja, não podemos considerar a cultura indígena como algo isolado dentro de uma redoma.

Há hoje aldeias que estão localizadas em áreas urbanas como a aldeia Tekoá Pyaú, localizada na região do Jaraguá em São Paulo - fator que gera paroxismo se levarmos em consideração o imaginário social em relação ao que deve ser índio ou não.

Além disso, a aldeia sobre dita passa por um problema de demarcação de território que no fundo define-se pela questão: o fato de viverem numa área urbanizada e com acesso e utilização da cultura não indígena pode definir sua identidade? Trata-se, portanto, de discutir a permanência ou transformação da identidade indígena no meio social não indígena. Assim, diante da questão, podemos formular a seguinte hipótese: de que a identidade cultural, não é definida pelo isolamento, mas sim por outras ações que se revelam e se praticam num meio de troca, de dialogo e negociação cultural no qual a presença do outro não é nociva, mas sim determinante.

Há autores como Darcy Ribeiro que em seus trabalhos demonstrou uma preocupação com os índios em relação ao processo de aculturação. Para eles, os índios perderiam seus traços culturais, sendo assimilados e transformados em uma massa disforme de camponeses. Porém a estudiosa Clarice Cohn, autora que demonstra as formas que as culturas indígenas perpetuam e reconstituem sua identidade. Para ela, a reinvenção identitária nas sociedades indígenas baseia-se numa reelaboração diferenciada, ou seja, a cultura se modifica para se adaptar ao contexto social em que está inserida e, mesmo assim, não perde sua essência possibilitando sua permanência.

Diante destas questões podemos concluir que as circunstâncias do mundo não indígena sobre os habitantes de aldeias que se localizam em áreas urbanas como aldeia Tekóa Pyaú não reflete aculturação ou perda de sua identidade

Mudanças e alterações de práticas culturais podem ser utilizadas para a própria manutenção da identidade no ambiente urbanizado em que vivem. Parte-se dessa asserção com base no seguinte caso: para os guaranis o território é algo muito além da propriedade vista como um limite físico e estático, mas sim por relações simbólicas, portanto, para os guaranis o seu território ou seu espaço é o lugar onde eles reproduzem e sua cultura.

REFERÊNCIAS:

COHN, Clarice. Culturas em transformações: os índios e a civilização. São Paulo, 2001.

FARA, S Camila de. A integração precária e a resistência indígena na periferia: dissertação de mestrado ao programa de pós-graduação em geografia humana do departamento de geografia e ciências humanas da USP, 2007.

LE GOFF, Jaques. Historia e Memória. Editora da Unicamp, 2003.

RIBEIRO, Darcy. A política indigenista Brasileira. Rio de Janeiro: ministério da agricultura/ serviço de informação agrícola, 1962.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2008.

SILVA, O N Fabio. Elementos de etnografia mbyá: lideranças e grupos familiares na aldeia TEKOÁ PYAÚ: dissertação de mestrado ao programa de pós-graduação em antropologia social do departamento de antropologia da USP, 2007.

SILVA, Tomaz Tadeu Da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais, Stuart Hall, Kathryn Woodward. 7. Ed- Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

SIMMEL, Georg. O dinheiro na cultura moderna. In: Jessé Souza e b. Oelze, orgs. Simmel e a modernidade. Brasília: editora da UNB, 1998.


JOSÉ LUIZ ALVES,aluno do 6º semestre de História.

Religião Afro-brasileira

O estudo das religiões afro-brasileiras tem despertado o interesse dos historiadores. Porém um dos obstáculos é que as praticas religiosas africanas são quase sempre clandestinas e a natureza secreta de alguns rituais deixou poucos registros. Mas apesar da pouca informação, sabe-se que os africanos tinham cultos que veneravam os mortos e praticavam diversas cerimônias religiosas, entre elas o acotundá, o candomblé e o calundu.

Lamentavelmente a maior parte da documentação que existe sobre esses rituais sempre foi produzida por autoridades policiais e pela política vigente, que estavam preocupados em descrever a invasão e a ocupação de terreiros, o fracasso das revoltas africana e pela autoridade da Igreja Católica, que sempre demonstrou interesse em desmoralizar a religiosidade negra reduzindo-a mera feitiçaria. Mesmo com toda essa limitação, ainda é possível através de documentos históricos, uma aproximação deste universo religioso.

O Historiador Luiz Mott, explica a pratica do acontudá, onde o mesmo afirma que essa manifestação religiosa vem sendo praticado desde o século XIII em Minas Gerais, o ritual também ficou conhecido como tunda e se realizava em casas humildes cobertas por capim, paredes de barros e de preferência sempre a beira de rios ou córregos.

“Quem mais se destacava na dança tunda ou dança diabólica era uma negra mina Caetana, moradora na vila de Goiazes, e na ocasião da dança pregava às outras pessoas e dizia que era Deus que fez o céu e a terra, as águas e pedras. Para entrarem nesta dança armavam primeiro um boneco que tinham feito com feitio de cabeça e nariz á imitação do diabo, espetado em uma ponta de ferro e com capa de pano branco que lhe cobria a cabeça e aparecia a ponta do focinho e as vistas cheias de sangue. E o punham no meio da casa, em um tapete pequeno, em cima de uma cruzes de travessos em cada ponta e umas poucas de ervas cozidas e em outras umas ervas cozidas e em outras umas ervas cruas e em outra um pouco de terra com mau cheiro[...]”

(Trecho do processo de 1747, do Tribunal do Santo Oficio, de Lisboa)

Outro ritual religioso de origem africana é o candomblé, que apresenta grande semelhança com o acotundá, e pode também ser reconhecido como xangôs do Nordeste. O altar onde o mesmo é realizado fica no interior de uma casa o santo são representados por pedras de búzios, fragmentos de pedras e um tabuleiro, ocorre à invocação do santo, se encerra em uma urna de barro.

Muitos dos elementos desses rituais do século XVIII são praticamente idênticos aos da atualidade, exemplo disso é o uso de aves, moringas, terra com odores, predominância feminina e o destaque de dançarinas e sacrifícios de animais e possessão e transe ao som de atabaques.

É importante observar a simbiose entre o rito do deus africano Courá, pois tem o mesmo nome de um dialeto africano, e o rito católico uma vez que a venera e a Sacerdotisa negra é a Nossa Senhora e o Santo Antonio. Do mesmo modo que, ao cultuar os santos católicos, os africanos estariam cultuando seus próprios santos, porém com outros nomes.

O historiador João José Reis explica o calundu através de documentos que encontrou na Bahia sobre rituais religiosos de origem jeje, que é uma tribo proveniente do antigo Daomé, atual Benin, na costa Ocidental da África, nos quais não há traços de sincretismo religioso. Os calundus são remanescentes da religião dos vudus, divindades que se incorporaram mais tarde no candomblé.

O centro cerimonial obtinha elementos que ainda hoje são utilizados no candomblé baiano como as ervas, búzios, dinheiro, aguardente. Os calundus tinham como função dar aos seus participantes de ritual, um sentido para a vida e um sentimento de segurança e proteção contra um mundo incerto e hostil.

A reforma pastoral, e as praticas dos fiéis em maio de 1702, tomou posse do arcebispado da Bahia Dom Sebastião Monteiro da Vide. Sua primeira iniciativa foi realizar visitas pastorais com o objetivo de examinar a fé e o comportamento dos fiéis.

Na assembléia constituinte baiana de 1707, foi realizado um reajuste nas leis canônicas de acordo com as circunstancias brasileiras, fortalecendo a instituição eclesiástica e para uniformizar praticas sacramentais, como o batismo e o casamento entre fiéis, independente de serem livres ou escravos.

A vida clerial a satisfação do clero brasileiro e dos fiéis, deveria de certo modo seguir os cumprimentos das normas estabelecidas por essas constituições, existia um documento eclesiástico onde o mesmo tinha um capitulo dedicado a vigários, capelães e padres, eram varias paginas que especificavam diversas proibições.

Entre essas proibições estavam as seguintes ordens e recomendações:

No batismo, os primeiros oitis dias de vida da criança, a mesma deveria ser levada a presença do pároco, pois se acreditava que os inocentes que morriam logo depois do batismo iriam para o céu, sem passar pelo purgatório.

Com relação ao sacramento no matrimonio, a Igreja passou a ter domínio estrutural nas colônias, e além do batismo e do casamento, os rituais que envolviam a morte e o enterro dos fiéis mereciam especial atenção. Pois os ritos funerários tinham tanta importância para a salvação dos mortos quanto para a segurança dos vivos. Os enterros eram organizados pelas irmandades a que o morto pertencia, não importando a classe social, as confrarias se encarregavam de lhe dar um enterro solene, sendo os outros membros da irmandade obrigados a comparecer as cerimônias fúnebres com velas, tochas e vestes especiais.

No caso das irmandades, era de direito para todos da sociedade, independente de raças, deveriam ser associações de caráter local, as irmandades auxiliavam a ação da Igreja e facilitavam a vida social, desempenhando grande numero de tarefas, muitas delas da alçada do governo, como a manutenção de asilos, orfanatos e hospitais, tendo como finalidade defender e promover a devoção de um determinado santo.

Referencia Bibliográfica

PRIORE, Mary Del.Religião e Religiosidade no Brasil Colonial.São Paulo/SP: Ed.Ática, Coleção História em Movimento. 1997.

Fonte imagem: leccofranca.blogspot.com

Maria Jussicleide da Silva Lira, aluna do 6 º semestre de História.

Literatura de Cordel: “Rei do Cangaço”

O nome Literatura de Cordel é dado às obras que são produzidas pelo povo. Essas obras não têm uma qualidade de produção artística, porém traz consigo uma difusão popular da arte folclórica. No Cordel o povo canta as crenças, os personagens, seus costumes difundindo a cultura popular.
Essa arte tem origens desde a Idade Média, chegou ao Brasil no século XVIII, com os portugueses sendo que no Nordeste do Brasil a mesma é apresentada nas feiras populares penduradas em cordões, daí a origem do nome Cordel, essa literatura é uma espécie de poesia impressa em folhetos ilustrados. É imensa a diversidade de temas que os cancioneiros abordam em seus cordéis, eles apresentam personagens históricos da cultura popular.
Lampião é um dos personagens mais recitados dentro dessa Literatura, pois sua trajetória no banditismo, fez com que os cordelistas desse a ele o crédito de herói popular e um lendário no Nordeste.
Seu nome de batismo era Virgulino Ferreira da Silva, nasceu em 1897 na comarca de Vila Bela, região do Vale de Pajéu, Estado de Pernambuco, segundo relatos sobre sua vida a quem diga que ele tinha grande interesse pelas letras. Nesse período o sertão era muito castigado por “secas” prolongadas e marcado por desigualdades sociais, a figura do Coronel representava o poder e a lei, o que levou a formação do banditismo, cujo interesse dos grupos era combater as injustiças, eram reconhecidos como bandos armados nomeados de cangaceiros. Esses cangaceiros eram contra o poder vigente dos coronéis e espalhavam medo na região. O banditismo e o cangaço é um dos temas que dentro do discurso Nortista surge como justificativa das conseqüências que a falta de investimento do Governo naquela determinada região, e com isso o nortista ou o nordestino passam a ser vistos como selvagens. E o cangaço reforça essa imagem de homem violento, de terra sem lei, onde o povo esta sobre o terror de “bandidos”, além da violência de suas oligarquias.
Existem varias controvérsias na história popular, sobre a entrada de Lampião para o banditismo, alguns contam que o pai de Lampião em um dos confrontos sociais desse coronelismo acabou sendo assassinado, despertando em Lampião o desejo de vingança e sua entrada para o cangaço, por volta de 1920, e outros acreditam que ele já fazia parte desse grupo de cangaceiros antes da morte de seu pai. O autor Hobsbawn faz uma descrição referente à entrada de Lampião para o cangaço.
“Quando ele [Lampião] tinha 17 anos, os Nogueiras expulsaram os Ferreiras da fazenda onde viviam, acusando-os falsamente de roubo. Assim começou a rixa que o levaria à marginalidade "Virgulino", recomendou alguém, "confie no divino juiz", mas ele respondeu: "O Bom Livro [A Bíblia] manda honrar pai e mãe, e se eu não defendesse nosso nome, perderia minha macheza".
Na cultura popular Nordestina Virgulino é reconhecido como o “Rei do Cangaço”, título alcançado devido as suas atrocidades. E através de atitudes desumanas aterrorizou e dominou aproximadamente seis estados do Nordeste, desafiou volantes policiais dando a eles vergonhosas derrotas. Foram muitos seus feitos, e no dia 28 de julho de 1938, chegou ao fim à trajetória do cangaceiro Lampião, que foi morto na Grota do Angico no interior de Sergipe.
Alcançar a fama e ao mesmo tempo a inimizade com a política nordestina faz de Lampião uns dos personagens mais recitados no cordel. E mesmo com sua morte, seus feitos têm sido freqüentemente temas dos romancistas, poetas, historiadores e cineastas, como fonte de inspiração para as manifestações da cultura popular, principalmente na Literatura de Cordel. Toda a atenção e sucesso do cordel ocorrem em função de ter um custo baixo e um ótimo tom humorístico, sem contar que de fato é retratado neles fatos da vida cotidiana da cidade ou da região, pois os livretos abordam assuntos como festas, política, secas, disputas, milagres, vida dos cangaceiros, atos heróicos e principalmente a religião.
No entanto existe nesse contexto uma literatura oral na qual, mitos, lendas e provérbios são passados de geração para geração oralmente. Essa literatura nem sempre tem uma autoria própria, pois é difícil reconhecer o verdadeiro autor, ainda mais sabendo que toda a estória se modifica com o passar do tempo.
Muitos historiadores e antropólogos estudam a literatura popular a fim de buscar informações sobre a cultura e a história de determinado período. Através das pesquisas, é possível tomar conhecimento das crenças, linguagem, arte, comportamento e das vestimentas de uma determinada população.

Diante da quantidade de títulos de cordel sobre a vida de Lampião, nota-se com clareza e sem duvidas o fascínio que seus feitos causaram, sejam essas histórias verdadeiras ou falsas, provando que o rei do cangaço é ídolo entre os cordelistas, e até mesmo para os próprios leitores.
Um bom exemplo da figura de Lampião como inspiração para cordelistas, são os cordéis, A Chegada de Lampião ao Céu de Rodolfo Coelho Cavalcante, e A Chegada de Lampião no Inferno de José Pacheco da Rocha.

São Pedro desconfiado
Perguntou ao valentão
Quem é você meu amigo
Que anda com este rojão?
Virgulino respondeu:
- Se não sabe quem sou eu
Vou dizer: Sou Lampião.

São Pedro se estremeceu
Quase que perdeu o tino
Sabendo que Lampião
Era um terrível assassino
Respondeu balbuciando
O senhor...está...falando
Com. São Pedro... Virgulino!
(A Chegada de Lampião no Céu, estrofes II e III)

Lampião é um bandido
Ladrão da honestidade
Só vem desmoralizar
A minha propriedade
E eu [o diabo] não vou procurar
Sarna para me coçar
Sem haver necessidade
(A Chegada de Lampião no Inferno, estrofe XII)

Contudo a literatura de cordel tornou-se um veiculo de expressão na cultura popular, refazendo trajetórias de personagens através de um olhar nordestino, que expõe o modo de vida do povo do Nordeste tratando-se do sistema vigente onde se constrói o sentimento de contestação.
A manifestação da arte nesse universo popular, vem na Literatura de Cordel onde oferece aos historiadores a liberdade de refletir sobre forma tão simples de representar o mundo e desvendar uma identidade através do passado e de buscas nas histórias orais para compreender as entre linhas.
Isso tudo porque o povo quando sofre com o sistema político e com seu habitat, ele desenvolve automaticamente maneiras diferentes de dar sentido a vida mesmo tão sofrida e busca uma tentativa de recuperar dignidade, que por vezes tem o abandono das autoridades. E com isso a negação do que de fato real, o povo quer se vingar daquele que se identifica como opressor daí a literatura de cordel entra como meio de transmitir o sofrimento, mas sempre de modo artístico, fazendo com que no imaginário existam condições de lutar e de corromper o inimigo. E muitas das vezes dentro desse desenvolvimento do imaginário cordelista, a morte e vida se confundem e representam uma coisa só.
Prova disso é que se torna obvio para o cordel recitado pelo nordestino, o cangaceiro Lampião como herói, onde ele pode destruir o inferno desafiando a autoridade que é o diabo, e sobe ao céu para ter com São Pedro sem demonstrar reverencia ou até mesmo medo. Entende-se do mesmo modo que esse é um meio de se negar muitas vezes a realidade opressora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOBBSBAWM, E. J. Bandidos. Rio de Janeiro/RJ: Forense Universitária, 1975.

CUNHA, Euclides. Os Sertões. São Paulo: Ed. Record, 2000.

ARAÚJO, Antonio Amaury Correa de. Assim morreu Lampião. São Paulo: Traço, 1982.

Fontes de um documentário da TV cultura.

Fonte imagem:
http://www.lendo.org/o-que-e-literatura-de-cordel-autores-obras/

Cintia Conceição dos Santos, aluna do 6º semestre de História.