A SERVIÇO DE CLIO - UNG
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Regulamento Concurso Cultural – “Histórias de meu professor de história”
Introdução
O presente Regulamento orienta os interessados em participar do Concurso
Cultural “Histórias de meu professor de história”, promovido pelo curso de
História da Universidade Guarulhos (UnG).
Cláusula 1ª. Do Objetivo do Concurso
O Concurso Cultural “Histórias de meu professor de história” visa estimular o
ler, aprender e ensinar com a História, buscando destacar o lugar central do
conhecimento histórico na formação de todo cidadão consciente. Estimular,
entre os estudantes do ensino médio regularmente matriculados em escolas
públicas ou privadas, a reflexão acerca da História ensinada, bem como sobre
a experiência de aprender História.
Cláusula 2ª. Da Participação
Podem participar do Concurso, todos os alunos regularmente matriculados no
3.º ano do ensino médio, seja da rede pública ou privada de ensino.
Cada participante pode concorrer, apenas, com uma redação,
Está vedada a participação de parentes de membros do corpo docente da
UnG.
Cláusula 3ª. Da Modalidade
A participação se dará através da inscrição de um texto inédito a ser redigido
em português e em forma de prosa.
O tema a ser desenvolvido deverá ser “Histórias de meu professor de História”.
A redação deverá ter entre 50 e 100 linhas, digitado em letra Times New
Roman, tamanho 12, margens 2,5 cm.
A redação deverá ser desenvolvida pelo aluno sob a supervisão do seu
professor de História. Ao professor cabe zelar pela originalidade e ineditismo
do texto.
Cláusula 4ª. Da Inscrição
Para participar do Concurso, o aluno deverá se inscrever até o dia 1.º de
dezembro de 2010.
A ficha de inscrição será disponibilizada no site da UnG (www.ung.br) e na
Direção do curso de História da Universidade, localizada na Unidade
Guarulhos-Dutra da UnG (Av. Anton Philips, 01, Prédio A, Vila Hermínia,
Guarulhos, SP).
O candidato ou o professor supervisor deverá enviar o texto e ficha de inscrição
para a Diretoria do curso de História da Universidade Guarulhos (UnG) por um
dos meios abaixo:
o Pelo correio: Av. Anton Philips, 01, Prédio A, Vila Hermínia,
Guarulhos – SP – CEP 07030-010;
o Pessoalmente, no endereço acima, de segunda a sexta-feira, no
horário das 13h às 21h.
o Por email: historia@ung.br.
Serão considerados inscritos os candidatos que apresentarem as redações
escritas, acompanhadas da ficha de inscrição devidamente preenchida e
declaração da escola que comprove estar regularmente matriculados no ensino
médio.
Frente a informações inverídicas o candidato estará automaticamente excluído
do concurso.
Cláusula 5ª. Do Julgamento
A Comissão Julgadora será composta pelos integrantes do corpo docente do
curso de História da UnG
As redações serão julgadas segundo critérios de originalidade, criatividade,
coesão, coerência, ineditismo, correção ortográfica e gramatical;
Serão valorizadas as redações que apresentarem um encadeamento de idéias
claro e consistente.
Serão desconsideradas as redações que fugirem do tema do concurso ou não
forem inéditas e originais.
Cláusula 6ª. Dos Resultados
A comissão classificará as 30 melhores redações.
O resultado do Concurso será divulgado no dia 15 de dezembro de 2010 no
site da UnG (www.ung.br) e por meio de cartazes afixados nas escolas que
tiverem participantes.
Os candidatos classificados serão convidados a participar da cerimônia de
premiação, que se realizará no Anfiteatro C da Unidade Guarulhos-Dutra da
Universidade Guarulhos.
Do resultado do Concurso não caberá recurso, sendo a Comissão Julgadora
soberana em suas decisões.
Cláusula 7ª. Da Premiação
Os vencedores do concurso receberão como premiação uma Bolsa de estudos
integral (desconto de 100%) para o curso de História da Universidade
Guarulhos, assim classificados:
- 1.º lugar: Bolsa válida para os três anos de duração do curso; 10 (dez) livros
da área de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de História;
- 2.º lugar: Bolsa válida somente para os dois primeiros anos do curso; 4
(quatro) livros de História da Alameda Editorial e um conjunto de revistas de
História;
- 3.º lugar: Bolsa válida somente para o primeiro ano do curso e 2 (dois) livros
de História da Alameda Editorial.
Todos os participantes, alunos e professores supervisores serão contemplados
com certificados de participação da Universidade Guarulhos.
Cláusula 8ª. Dos Direitos Autorais
O vencedor do Concurso cede à Associação Paulista de Educação e Cultura,
mantenedora da Universidade Guarulhos (UnG), em caráter definitivo e de
forma gratuita, a propriedade dos direitos autorais resultantes da redação
elaborada para o Concurso Cultural – “Histórias de meu professor de história” ,
para que esta faça seu uso na forma que lhe convier.
Cláusula 9ª. Das Disposições Finais
A Comissão Julgadora é soberana e compete a ela avaliar e resolver casos
omissos e eventuais dúvidas decorrentes deste regulamento, não cabendo
recurso de qualquer espécie.
As bolsas de estudo oferecidas como premiação têm caráter pessoal e
intransferível.
O uso da bolsa de estudos só será permitida ao aluno premiado que for
aprovado no Processo Seletivo para ingresso no 1.º semestre de 2011 da
Universidade Guarulhos.
Guarulhos, 20 de outubro de 2010.
História promove concurso cultural para alunos do ensino médio |
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domingo, 26 de setembro de 2010
O Marquês de Sade.
Segundo a historiadora Elizabeth Roudinesco, no final do século XVIII ao inicio do século XIX, a aristocracia francesa vive em dois universos paralelos, no qual, mantêm uma vida formal em meio à sociedade, e um mundo privado onde realizam libertinagens voluptuosas, atos de devassidão e de promiscuidade excessiva. E é em meio a essa nobreza libidinosa, de natureza obscura, que não se impõem limites, quando se trata da busca do prazer, que o pequeno Marquês, será educado e criado.
Tendo essa sociedade como pano de fundo, Sade tem introduzido em si, o sentimento de superioridade da aristocracia, de pertencer á uma classe que tudo pode, se manifestando em pensamentos e atos no direito de desfrutar a seu bel-prazer das outras pessoas, as usando como objetos e tendo como única importância o prazer próprio, sem peso na consciência de coisificar as suas vitimas. Se tornando o símbolo do lado mais obscuro da aristocracia libertina.
Sade que se consolidou como um Filosofo adepto do ateísmo, se apropriou do discurso Iluminista, e o explorou ao extremo, formulando varias criticas a religião e a moral de seu tempo. Em discursos que desqualificam conceitos morais que repousam sobra a crença cristã.
Seu entendimento revela uma concepção caótica de mundo, onde ele usa sua orientação sexual, produzindo um universo que exalta a mistura da violência com o Libido, a volúpia, o prazer excessivo a luxuria e o egoísmo, o que segundo Sade é inato da natureza humana, o desejo e a busca incessante por prazer, que é reprimido pelos códigos morais, éticos e valores religiosos, que em sua concepção é um aparelho repressivo ideológico da natureza humana, criado pela sociedade.
“Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza”
Marquês de Sade.
Referências Bibliográficas:
Ø NOVAES, Adauto. Libertinos e Libertários. São Paulo. Ed: Cia das Letras.1996.
Ø ROUDINESCO, Elizabeth. A parte Obscura de nós mesmo. Uma história dos perversos. Rio de janeiro. Ed: Jorge Zahar, 2007.
Ø PERROT, Michelle. (org). História da vida privada, 4: Da revolução Francesa a primeira guerra mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Ø SADE, Marquês. Filosofia na Alcova. Ed. Bertrand. 2007.
William J. Duarte Costa , aluno do 6º Semestre de História.
sábado, 25 de setembro de 2010
PERMANÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO CULTURAL NA ALDEIA TEKOÁ PYAÚ.
O conceito de permanência cultural ou tradição cultural tem sido visto pela maioria das pessoas como algo rígido ou estático e imutável, por exemplo: o índio para ser aceito como índio tem que estar caracterizado como no imaginário das pessoas: índio com penacho na cabeça, usando tanga, caçando e pescando para se alimentar. Essa caracterização é veiculada muitas vezes pelo cinema e até mesmo pelas comemorações do dia do índio que acontecem nas escolas de ensino fundamental, onde as crianças levam para casa aquele tradicional penacho feito de papel.
Entretanto, os índios estão inseridos dentro de um novo contexto social e que nós somos apenas mais um dos muitos povos que eles entraram em contato dentro de um processo histórico desde 1500 até hoje. Mesmo os que estão em regiões mais isoladas, cercadas de florestas, vivendo em um ambiente mais natural, como os índios do Amazonas, ainda entram em contato e vivem conflitos em relação à terra com o homem não indígena ou indígena de etnias. Ou seja, não podemos considerar a cultura indígena como algo isolado dentro de uma redoma.
Há hoje aldeias que estão localizadas em áreas urbanas como a aldeia Tekoá Pyaú, localizada na região do Jaraguá em São Paulo - fator que gera paroxismo se levarmos em consideração o imaginário social em relação ao que deve ser índio ou não.
Além disso, a aldeia sobre dita passa por um problema de demarcação de território que no fundo define-se pela questão: o fato de viverem numa área urbanizada e com acesso e utilização da cultura não indígena pode definir sua identidade? Trata-se, portanto, de discutir a permanência ou transformação da identidade indígena no meio social não indígena. Assim, diante da questão, podemos formular a seguinte hipótese: de que a identidade cultural, não é definida pelo isolamento, mas sim por outras ações que se revelam e se praticam num meio de troca, de dialogo e negociação cultural no qual a presença do outro não é nociva, mas sim determinante.
Há autores como Darcy Ribeiro que em seus trabalhos demonstrou uma preocupação com os índios em relação ao processo de aculturação. Para eles, os índios perderiam seus traços culturais, sendo assimilados e transformados em uma massa disforme de camponeses. Porém a estudiosa Clarice Cohn, autora que demonstra as formas que as culturas indígenas perpetuam e reconstituem sua identidade. Para ela, a reinvenção identitária nas sociedades indígenas baseia-se numa reelaboração diferenciada, ou seja, a cultura se modifica para se adaptar ao contexto social em que está inserida e, mesmo assim, não perde sua essência possibilitando sua permanência.
Diante destas questões podemos concluir que as circunstâncias do mundo não indígena sobre os habitantes de aldeias que se localizam em áreas urbanas como aldeia Tekóa Pyaú não reflete aculturação ou perda de sua identidade
Mudanças e alterações de práticas culturais podem ser utilizadas para a própria manutenção da identidade no ambiente urbanizado em que vivem. Parte-se dessa asserção com base no seguinte caso: para os guaranis o território é algo muito além da propriedade vista como um limite físico e estático, mas sim por relações simbólicas, portanto, para os guaranis o seu território ou seu espaço é o lugar onde eles reproduzem e sua cultura.
REFERÊNCIAS:
COHN, Clarice. Culturas em transformações: os índios e a civilização. São Paulo, 2001.
FARA, S Camila de. A integração precária e a resistência indígena na periferia: dissertação de mestrado ao programa de pós-graduação em geografia humana do departamento de geografia e ciências humanas da USP, 2007.
LE GOFF, Jaques. Historia e Memória. Editora da Unicamp, 2003.
RIBEIRO, Darcy. A política indigenista Brasileira. Rio de Janeiro: ministério da agricultura/ serviço de informação agrícola, 1962.
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2008.
SILVA, O N Fabio. Elementos de etnografia mbyá: lideranças e grupos familiares na aldeia TEKOÁ PYAÚ: dissertação de mestrado ao programa de pós-graduação em antropologia social do departamento de antropologia da USP, 2007.
SILVA, Tomaz Tadeu Da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais, Stuart Hall, Kathryn Woodward. 7. Ed- Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
SIMMEL, Georg. O dinheiro na cultura moderna. In: Jessé Souza e b. Oelze, orgs. Simmel e a modernidade. Brasília: editora da UNB, 1998.
Religião Afro-brasileira
Lamentavelmente a maior parte da documentação que existe sobre esses rituais sempre foi produzida por autoridades policiais e pela política vigente, que estavam preocupados em descrever a invasão e a ocupação de terreiros, o fracasso das revoltas africana e pela autoridade da Igreja Católica, que sempre demonstrou interesse em desmoralizar a religiosidade negra reduzindo-a mera feitiçaria. Mesmo com toda essa limitação, ainda é possível através de documentos históricos, uma aproximação deste universo religioso.
O Historiador Luiz Mott, explica a pratica do acontudá, onde o mesmo afirma que essa manifestação religiosa vem sendo praticado desde o século XIII em Minas Gerais, o ritual também ficou conhecido como tunda e se realizava em casas humildes cobertas por capim, paredes de barros e de preferência sempre a beira de rios ou córregos.
“Quem mais se destacava na dança tunda ou dança diabólica era uma negra mina Caetana, moradora na vila de Goiazes, e na ocasião da dança pregava às outras pessoas e dizia que era Deus que fez o céu e a terra, as águas e pedras. Para entrarem nesta dança armavam primeiro um boneco que tinham feito com feitio de cabeça e nariz á imitação do diabo, espetado em uma ponta de ferro e com capa de pano branco que lhe cobria a cabeça e aparecia a ponta do focinho e as vistas cheias de sangue. E o punham no meio da casa, em um tapete pequeno, em cima de uma cruzes de travessos em cada ponta e umas poucas de ervas cozidas e em outras umas ervas cozidas e em outras umas ervas cruas e em outra um pouco de terra com mau cheiro[...]”
(Trecho do processo de 1747, do Tribunal do Santo Oficio, de Lisboa)
Outro ritual religioso de origem africana é o candomblé, que apresenta grande semelhança com o acotundá, e pode também ser reconhecido como xangôs do Nordeste. O altar onde o mesmo é realizado fica no interior de uma casa o santo são representados por pedras de búzios, fragmentos de pedras e um tabuleiro, ocorre à invocação do santo, se encerra em uma urna de barro.
Muitos dos elementos desses rituais do século XVIII são praticamente idênticos aos da atualidade, exemplo disso é o uso de aves, moringas, terra com odores, predominância feminina e o destaque de dançarinas e sacrifícios de animais e possessão e transe ao som de atabaques.
É importante observar a simbiose entre o rito do deus africano Courá, pois tem o mesmo nome de um dialeto africano, e o rito católico uma vez que a venera e a Sacerdotisa negra é a Nossa Senhora e o Santo Antonio. Do mesmo modo que, ao cultuar os santos católicos, os africanos estariam cultuando seus próprios santos, porém com outros nomes.
O historiador João José Reis explica o calundu através de documentos que encontrou na Bahia sobre rituais religiosos de origem jeje, que é uma tribo proveniente do antigo Daomé, atual Benin, na costa Ocidental da África, nos quais não há traços de sincretismo religioso. Os calundus são remanescentes da religião dos vudus, divindades que se incorporaram mais tarde no candomblé.
O centro cerimonial obtinha elementos que ainda hoje são utilizados no candomblé baiano como as ervas, búzios, dinheiro, aguardente. Os calundus tinham como função dar aos seus participantes de ritual, um sentido para a vida e um sentimento de segurança e proteção contra um mundo incerto e hostil.
A reforma pastoral, e as praticas dos fiéis em maio de 1702, tomou posse do arcebispado da Bahia Dom Sebastião Monteiro da Vide. Sua primeira iniciativa foi realizar visitas pastorais com o objetivo de examinar a fé e o comportamento dos fiéis.
Na assembléia constituinte baiana de 1707, foi realizado um reajuste nas leis canônicas de acordo com as circunstancias brasileiras, fortalecendo a instituição eclesiástica e para uniformizar praticas sacramentais, como o batismo e o casamento entre fiéis, independente de serem livres ou escravos.
A vida clerial a satisfação do clero brasileiro e dos fiéis, deveria de certo modo seguir os cumprimentos das normas estabelecidas por essas constituições, existia um documento eclesiástico onde o mesmo tinha um capitulo dedicado a vigários, capelães e padres, eram varias paginas que especificavam diversas proibições.
Entre essas proibições estavam as seguintes ordens e recomendações:
No batismo, os primeiros oitis dias de vida da criança, a mesma deveria ser levada a presença do pároco, pois se acreditava que os inocentes que morriam logo depois do batismo iriam para o céu, sem passar pelo purgatório.
Com relação ao sacramento no matrimonio, a Igreja passou a ter domínio estrutural nas colônias, e além do batismo e do casamento, os rituais que envolviam a morte e o enterro dos fiéis mereciam especial atenção. Pois os ritos funerários tinham tanta importância para a salvação dos mortos quanto para a segurança dos vivos. Os enterros eram organizados pelas irmandades a que o morto pertencia, não importando a classe social, as confrarias se encarregavam de lhe dar um enterro solene, sendo os outros membros da irmandade obrigados a comparecer as cerimônias fúnebres com velas, tochas e vestes especiais.
No caso das irmandades, era de direito para todos da sociedade, independente de raças, deveriam ser associações de caráter local, as irmandades auxiliavam a ação da Igreja e facilitavam a vida social, desempenhando grande numero de tarefas, muitas delas da alçada do governo, como a manutenção de asilos, orfanatos e hospitais, tendo como finalidade defender e promover a devoção de um determinado santo.
Referencia Bibliográfica
PRIORE, Mary Del.Religião e Religiosidade no Brasil Colonial.São Paulo/SP: Ed.Ática, Coleção História em Movimento. 1997.
Fonte imagem: leccofranca.blogspot.comMaria Jussicleide da Silva Lira, aluna do 6 º semestre de História.
Literatura de Cordel: “Rei do Cangaço”
Essa arte tem origens desde a Idade Média, chegou ao Brasil no século XVIII, com os portugueses sendo que no Nordeste do Brasil a mesma é apresentada nas feiras populares penduradas em cordões, daí a origem do nome Cordel, essa literatura é uma espécie de poesia impressa em folhetos ilustrados. É imensa a diversidade de temas que os cancioneiros abordam em seus cordéis, eles apresentam personagens históricos da cultura popular.
Lampião é um dos personagens mais recitados dentro dessa Literatura, pois sua trajetória no banditismo, fez com que os cordelistas desse a ele o crédito de herói popular e um lendário no Nordeste.
Seu nome de batismo era Virgulino Ferreira da Silva, nasceu em 1897 na comarca de Vila Bela, região do Vale de Pajéu, Estado de Pernambuco, segundo relatos sobre sua vida a quem diga que ele tinha grande interesse pelas letras. Nesse período o sertão era muito castigado por “secas” prolongadas e marcado por desigualdades sociais, a figura do Coronel representava o poder e a lei, o que levou a formação do banditismo, cujo interesse dos grupos era combater as injustiças, eram reconhecidos como bandos armados nomeados de cangaceiros. Esses cangaceiros eram contra o poder vigente dos coronéis e espalhavam medo na região. O banditismo e o cangaço é um dos temas que dentro do discurso Nortista surge como justificativa das conseqüências que a falta de investimento do Governo naquela determinada região, e com isso o nortista ou o nordestino passam a ser vistos como selvagens. E o cangaço reforça essa imagem de homem violento, de terra sem lei, onde o povo esta sobre o terror de “bandidos”, além da violência de suas oligarquias.
Existem varias controvérsias na história popular, sobre a entrada de Lampião para o banditismo, alguns contam que o pai de Lampião em um dos confrontos sociais desse coronelismo acabou sendo assassinado, despertando em Lampião o desejo de vingança e sua entrada para o cangaço, por volta de 1920, e outros acreditam que ele já fazia parte desse grupo de cangaceiros antes da morte de seu pai. O autor Hobsbawn faz uma descrição referente à entrada de Lampião para o cangaço.
“Quando ele [Lampião] tinha 17 anos, os Nogueiras expulsaram os Ferreiras da fazenda onde viviam, acusando-os falsamente de roubo. Assim começou a rixa que o levaria à marginalidade "Virgulino", recomendou alguém, "confie no divino juiz", mas ele respondeu: "O Bom Livro [A Bíblia] manda honrar pai e mãe, e se eu não defendesse nosso nome, perderia minha macheza".
Na cultura popular Nordestina Virgulino é reconhecido como o “Rei do Cangaço”, título alcançado devido as suas atrocidades. E através de atitudes desumanas aterrorizou e dominou aproximadamente seis estados do Nordeste, desafiou volantes policiais dando a eles vergonhosas derrotas. Foram muitos seus feitos, e no dia 28 de julho de 1938, chegou ao fim à trajetória do cangaceiro Lampião, que foi morto na Grota do Angico no interior de Sergipe.
Alcançar a fama e ao mesmo tempo a inimizade com a política nordestina faz de Lampião uns dos personagens mais recitados no cordel. E mesmo com sua morte, seus feitos têm sido freqüentemente temas dos romancistas, poetas, historiadores e cineastas, como fonte de inspiração para as manifestações da cultura popular, principalmente na Literatura de Cordel. Toda a atenção e sucesso do cordel ocorrem em função de ter um custo baixo e um ótimo tom humorístico, sem contar que de fato é retratado neles fatos da vida cotidiana da cidade ou da região, pois os livretos abordam assuntos como festas, política, secas, disputas, milagres, vida dos cangaceiros, atos heróicos e principalmente a religião.
No entanto existe nesse contexto uma literatura oral na qual, mitos, lendas e provérbios são passados de geração para geração oralmente. Essa literatura nem sempre tem uma autoria própria, pois é difícil reconhecer o verdadeiro autor, ainda mais sabendo que toda a estória se modifica com o passar do tempo.
Muitos historiadores e antropólogos estudam a literatura popular a fim de buscar informações sobre a cultura e a história de determinado período. Através das pesquisas, é possível tomar conhecimento das crenças, linguagem, arte, comportamento e das vestimentas de uma determinada população.
Diante da quantidade de títulos de cordel sobre a vida de Lampião, nota-se com clareza e sem duvidas o fascínio que seus feitos causaram, sejam essas histórias verdadeiras ou falsas, provando que o rei do cangaço é ídolo entre os cordelistas, e até mesmo para os próprios leitores.
Um bom exemplo da figura de Lampião como inspiração para cordelistas, são os cordéis, A Chegada de Lampião ao Céu de Rodolfo Coelho Cavalcante, e A Chegada de Lampião no Inferno de José Pacheco da Rocha.
São Pedro desconfiado
Perguntou ao valentão
Quem é você meu amigo
Que anda com este rojão?
Virgulino respondeu:
- Se não sabe quem sou eu
Vou dizer: Sou Lampião.
São Pedro se estremeceu
Quase que perdeu o tino
Sabendo que Lampião
Era um terrível assassino
Respondeu balbuciando
O senhor...está...falando
Com. São Pedro... Virgulino!
(A Chegada de Lampião no Céu, estrofes II e III)
Lampião é um bandido
Ladrão da honestidade
Só vem desmoralizar
A minha propriedade
E eu [o diabo] não vou procurar
Sarna para me coçar
Sem haver necessidade
(A Chegada de Lampião no Inferno, estrofe XII)
Contudo a literatura de cordel tornou-se um veiculo de expressão na cultura popular, refazendo trajetórias de personagens através de um olhar nordestino, que expõe o modo de vida do povo do Nordeste tratando-se do sistema vigente onde se constrói o sentimento de contestação.
A manifestação da arte nesse universo popular, vem na Literatura de Cordel onde oferece aos historiadores a liberdade de refletir sobre forma tão simples de representar o mundo e desvendar uma identidade através do passado e de buscas nas histórias orais para compreender as entre linhas.
Isso tudo porque o povo quando sofre com o sistema político e com seu habitat, ele desenvolve automaticamente maneiras diferentes de dar sentido a vida mesmo tão sofrida e busca uma tentativa de recuperar dignidade, que por vezes tem o abandono das autoridades. E com isso a negação do que de fato real, o povo quer se vingar daquele que se identifica como opressor daí a literatura de cordel entra como meio de transmitir o sofrimento, mas sempre de modo artístico, fazendo com que no imaginário existam condições de lutar e de corromper o inimigo. E muitas das vezes dentro desse desenvolvimento do imaginário cordelista, a morte e vida se confundem e representam uma coisa só.
Prova disso é que se torna obvio para o cordel recitado pelo nordestino, o cangaceiro Lampião como herói, onde ele pode destruir o inferno desafiando a autoridade que é o diabo, e sobe ao céu para ter com São Pedro sem demonstrar reverencia ou até mesmo medo. Entende-se do mesmo modo que esse é um meio de se negar muitas vezes a realidade opressora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOBBSBAWM, E. J. Bandidos. Rio de Janeiro/RJ: Forense Universitária, 1975.
CUNHA, Euclides. Os Sertões. São Paulo: Ed. Record, 2000.
ARAÚJO, Antonio Amaury Correa de. Assim morreu Lampião. São Paulo: Traço, 1982.
Fontes de um documentário da TV cultura.
Fonte imagem:http://www.lendo.org/o-que-e-literatura-de-cordel-autores-obras/
Cintia Conceição dos Santos, aluna do 6º semestre de História.