sábado, 25 de setembro de 2010

Avanço ou retrocesso? Introdução da modernidade na cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX e início do século XX.


Ao analisarmos o contexto da modernização introduzida na cidade do Rio de Janeiro em fins do século XIX e começo do XX, nos colocamos diante de todas as peculiaridades do dia-a-dia das variadas classes sociais que aos poucos foram se transformando devido ao surto moderno; de forma a nos remetermos ao passado e tomarmos consciência de que o processo de modernização foi um decurso no qual nos primeiros anos transformou a cidade do Rio em duas cidades, ao mesmo tempo, pois ao ser estabelecido uma nova ordem, um novo padrão urbanístico, totalmente racional e técnico, se obteve como conseqüência uma mudança significativa na estrutura da sociedade e em sua cultura.

“graças a essa intensificação dos laços neocoloniais e ao prodigioso afluxo de riquezas decorrentes, alguns subiam na escala social e outros, literalmente, subiam expulsos para os morros da cidade” (p.541).

Se torna evidente que essa sociedade a qual obtinham a ascensão social através dos laços mantidos com os países que praticavam certo domínio sobre os mesmos, estava inserida em um processo ao qual eram desejosos de levar o país a um grau de modernização a qualquer custo, desta forma surgia aos poucos uma nova sociedade, a qual ia se sintonizando cada vez mais e com mais intensidade, através da introdução da tecnologia, fica visível compreendermos uma mudança comportamental acelerada nesta sociedade. Nesse período vai haver um surto imigratório jamais visto, tornando as relações frias, e com uma dificuldade muito grande de demonstrar afeto, uma preocupação com o tempo e uma sincronização com o ritmo da nova tecnologia.

Ao passo que vão sendo incorporados vários hábitos e costumes, os quais a partir dessa modernização começaram então fazer parte do cotidiano das pessoas, como a preocupação com hábitos saudáveis, do tipo banhos de mar, banhos de sol, caminhadas, exercícios físicos, higiene pessoal e de ordem sanitária. Como conseqüência dessa nova mentalidade a respeito da saúde, percebemos uma mudança de valores, a idéia de saúde passa ser primordial, seguida do padrão de limpeza e padrão estético da beleza, a partir dessa mudança de valores podemos compreender o porque essa idéia de duas cidades dentro da capital do Rio de janeiro, logo seguindo os padrões de limpeza, beleza e estética encontramos a justificativa para a expurgação da população para os morros.

A avenida central se tornara o cartão postal do Rio, tudo dava um ar de luxo, o intitulado glamour vindo da Europa; de uma hora para outra a antiga cidade simplesmente desapareceu, logo nos remete as políticas aplicadas na questão sanitária, e com essas uma invasão da privacidade, de lares e corpos.

decreto 1905 determinava que todo o indivíduo recolhido à casa de detenção fosse imediatamente vacinado e revacinado” (p.572).

E como resposta a política sanitária que expulsa a população, que fora uma população totalmente despossuída, surge um surto o qual foi chamado de Revolta da Vacina.

Por fim, torna-se válido ressaltar que essa onda de modernidade a qual poderia ostentar o prestígio e o poder dessas elites emergentes, como por exemplo: o telefone, o automóvel, a obrigatoriedade do cinema ao passo de manter-se esse reconhecimento social, seriam primordiais para manutenção de poder, afinal o cinema Hollywoodiano e mais tarde a televisão eram e atualmente continuam sendo, os grandes agentes da introdução da cultura de massa e do processo de consumo.

“a modernidade, afinal de contas chegava diferente, em proporções imensamente desiguais, mas atingia a todos” (p. 611).

SEVCENKO, Nicolau. A capital irradiante: técnica, ritmos e ritos do Rio In:______. História da vida privada no Brasil vol. 3. (pp. 513-619)

Fonte da imagem:http://www.jblog.com.br/media/41/20071228-03011903%20-%20blog%20capa%201.jpg

Autora: Vera Lúcia Agra Asevedo, aluna do 6º semestre de História.

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