sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A ESCRAVIDÃO NEGRA EM DEBATE

Em a "Escravidão Negra em debate", publicada em 1977, pela Editora José Olympio, apresenta atravês da historiadora Suely Robles Reis de Queirós uma discussão sobre a polêmica da historiografica caracteristica do sistema escravista brasileiro e o enfoque condicionado a influências ideologicas dos varios autores. Esta tese que se apresenta pela autora atravês da grande obra de Gilberto Freire " Casa Grande e Senzala" e outros grandes autores da época abordando a doçura nas relações de senhores com escravos domésticos no Brasil comparando assim com a de outros paises escravocratas. A discussão toma um sentido bastante importante sobre a escravidão nos paises onde foi implantada levantando os seus costumes, as vantagens e desvanagens economicas e os seus problemas sociais nas sociedades escravocratas da época, compreendida atravês de um resultado material e intelectual com problemas economicos, sociais, politicos e ideologicos.

A caracteristica do sistema escravista era visto como violento e cruel por alguns e por outros como brando e benevolente.

Gilberto Freire difunde sua idéia ignorando os limites do Brasil indo muito mais alêm e alcançando muitos estudiosos estrangeiros como por exemplo, Oliveira Viana e Nina Rodrigues que viam no negro a sua inferioridade e a sua contribuição negativa para a formação do povo brasileiro. Atravês da miscigenação ocorrida no pais, Freire explica concebendo-lhes uma sociedade paternalista onde a familia patriarcal teria sido base para este sistema escravista atravês da introdução das familias portuguesas no brasil predominado assim a empatia entre as raças e a amenidade na relação senhor - escravo explicando assim as miscigenações pecualiares ao do escravismo americano.

Segundo Gilberto Freire, a escravidão brasileira teria sido moderada e os cativos eram os mais felizes do Brasil patriarcal do que na Africa Negra. Temos de considerar que no Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.
O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.
Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira. As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.
O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos.

As idéias de Freire num primeiro momento não são contestadas e reforçavam assim os mitos de brandura do senhor, más apartir dos anos 50 uma nova concepção dos estudos revitalizou opondo-se as idéias de Freire mudando a historiografia da escravidão. Podemos citar alguns autores que divergiam da tese de Gilberto Freire, como por exemplo: Florestan Fernandes, Otávio Lanni, Emília Viotti da Costa, Fernando Henrrique Cardoso. Para estes autores a escravidão era uma pedra basilar no processo de acumulação do capital instuida para sustentar icones do capitalismo comercial ( o mercado e o lucro ). Fernando Henrrique realizou uma análise estrutural das relações sociais no escravismo, reafirmando que pessoas comuns não faziam Historia.

Muitos destes pontos de vistas eram reforçados por Jacob Gorender em sua obra " O escravismo Colonial" onde centralizava a sua explicativa na atividade exportadora propondo um novo modelo de produção escravista colonial para explicar o escravismo no brasil.

Apartir dos anos 80, uma nova corrente historiografica surge onde aproximava as idéias de Gilberto Freire com as idéias de Jacob Gorender o que se chamara de neopatriarcalismo. A escravidão assim teria um caracter concensual que negava a coisificação e seria assim aceita pela grande maioria dos cativos.

Um outro estudo que a autora nos apresenta na obra é sobre os estudiosos da demografia histórica onde conseguem assim mostrar uma analise da população cativa em varios municipios brasileiros apontando neles uma frequência expressiva de famílias escravas. A desproporção entre os sexos certamente contribuia para dificultar as uniões em um regime onde o escravo nunca havia se conformado. A separação forçada tambêm teria sido um dos grandes obstaculos para a vida dos escravos porêm muitos viajantes negavam a formação de familias escravas, más o certo é que a hiostoriografia brasileira sempre admitiu a existência das uniões entre os negros estabelecendo assim laços de afetividade indo alêm da promiscuidade sexual.

A Conclusão a que chegamos segundo a prôpria autora, é que a intenção não era romantizar a escravidão, mas evidenciar que a escravidão não destruia os laços de solidariedade entre os escravos, e que havia ainda um espaço de resistência por parte dos escravos e contradições dentro do sistema, já que a família também era um instrumento de controle social. Acredito que essa visão das senzalas estava presente no momento de tombamento dessas fazendas, o que pode ter levado a sua total exclusão, e continua fazendo parte do discurso apresentado ainda hoje. É muito importante ressaltar que a maioria desses estudos apontavam a promiscuidade sexual em que viviam os escravos e a impossibilidade da existência da família escrava e tinham como fonte de seus argumentos os depoimentos feitos por pessoas brancas, principalmente dos viajantes estrangeiros.

Bibliográfia

QUEIROZ, Suely Robles Reis de . Escravidão negra em debate: um estudo das tensões provocadas pelo escravismo no século XIX. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977


Bibliográfia Complementar

Pinsky, Jaime. A Escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 1989


Imagem: Escravas descansando após o trabalho, Rio de Janeiro. (Jean-Victor Frond)

Fonte:http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/escravos/imagens.htm

Marcelo Aparecido Gomes Ferreira , aluno do 6º semestre de História,campus Dutra

Nenhum comentário:

Postar um comentário