quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Paz e amor e o universo hippie


Introdução

Na década de 60, os Estados Unidos atravessava um momento de grandes conflitos políticos devido a Guerra do Vietnã. A sociedade estava sob um forte processo de consumismo devido a crescente fabricação de produtos em larga escala, além de ser extremamente racista e conservadora, onde qualquer tipo de manifestação contra a situação vigente era perseguida.

Neste contexto surge a contracultura, idealizada pelos jovens que se engajaram em manifestações pacíficas a partir de um caráter fortemente libertário e questionador; designado como movimento hippie. A partir daí novas mentalidades florescem: o movimento tem fortes características alternativas, possuía caráter religioso, com grande apelo ao pacifismo, ao rock como veículo de contestação e a um estilo de vida completamente adverso ao modismo vigente da época.

Paz e amor e o universo hippie

A contracultura é identificada como uma vertente de subcultura que reflete uma crise dentro da sociedade dominante; são conscientes de sua posição e agem com uma intencionalidade, querem provocar uma ruptura e distanciamento da rígida cultura predominante que os oprimem. Um exemplo de subcultura é o movimento hippie que tinha por características o caráter de contestação, resistência, luta e afirmação de ideias, todas elas contrárias a uma sociedade extremamente preconceituosa, individualista, conservadora e com fortes raízes capitalistas.

Vários aspectos motivaram o desenvolvimento da contracultura. A família para os jovens americanos, era carregada de preconceito e conservadorismo; a escola, da mesma maneira autoritária, servia como aparelho ideológico do estado na manutenção da ordem social vigente; a guerra do Vietnã com intervenção dos EUA fazia parte do cenário, que tentava acabar com a ameaça comunista dos vietcongues no Vietnã; além disso, a sociedade estava extremamente vinculada ao consumismo desenvolvido com o capitalismo que atingiu as massas.

Todos estes fatores culminaram no surgimento da contracultura e dos hippies, como um movimento que se tornou oposto à sociedade vigente da época. Sua intenção era contestar os valores, costumes, tabus morais e culturais, os princípios capitalistas, a economia de mercado e propor novas maneiras de pensar, sentir e agir, criando outro universo com regras e valores próprios. Fugiam dos padrões tradicionais, usavam roupas coloridas, tinham cabelos longos ou black Power.

Para os jovens, as drogas - em especial as psicodélicas (LSD e maconha) - forneciam uma espécie de libertação das amarras da consciência, uma maneira de abrir as portas da percepção e um caminho para atingir a espiritualidade.

O movimento contracultural coincidiu com a Era de Aquário, uma era que prometia o advento de um novo mundo, pacífico e harmonioso. Esta previsão gerou, no universo hippie, uma certa dose de misticismo, parapsicologia, zen-budismo, ufologia, astrologia, magia e espiritualismo. Esse universo místico significava aos jovens um meio para atingir a libertação dos valores e dogmas de uma sociedade opressora que os alienava. Era também um caminho para alcançar o divino, transcendendo assim o mundo material.

Outro apelo também feito pelos hippies era a questão ambiental. O consumismo e o capitalismo desenfreado culminaram em um grande desgaste dos recursos naturais, tão importantes à manutenção da vida. A devastação tornava-se alarmante e preocupante, e os jovens se apropriaram deste problema para também debatê-lo.

Outro mecanismo utilizado pelos hippies como contestação foi o rock, sendo utilizado pelo seu público como uma forma de comportamento e protesto. Era por meio do rock e de suas letras que os jovens retratavam a desigualdade e o sentimento de revolta. Era uma maneira de expressar seus modos de pensar sobre a família, drogas e amor, assim como nos festivais de rock, sendo mais famoso o Woodstock.

Constatando a iminente ameaça e popularização do movimento, a direita tradicional sistematizou-se com a intenção de combater seu radicalismo. Com o passar do tempo, a partir da tecnologia e de reformas internas, o consumismo da massa norteamericana aumentou, o que acabou ocasionando na retração e desconstrução do ideal revolucionário da contracultura. Através da indústria fonográfica e da criação de um comércio criado para os hippies, as ideias daquela nova geração foram transformadas em mercadorias. A utopia dos jovens americanos foi passageira. Seus ideais de liberdade, espiritualidade, justiça e igualdade foram enfraquecidos pela cômoda e influente sociedade consumista e a indústria cultural.

Através deste aspecto, podemos constatar o caráter mercadológico que enfraqueceu o movimento. A subcultura opera primariamente na arena do lazer, que é excessivamente vulnerável à incorporação comercial e ideológica. Interessante notar que um dos principais aspectos que fomentou o início da contracultura, foi justamente um dos motivos que acabou com ela: a sociedade de consumo.

Conclusão

O movimento hippie nasceu através de um contexto histórico que dava margem para a contestação de valores tradicionais e conservadores da sociedade norte americana, e que foi caracterizado por um processo de rebeldia por parte dos jovens da época.

Através desse movimento novos elementos culturais surgiram a partir de novas ideias, valores, estilos e princípios, todos eles baseados em uma cultura alternativa, mais igualitária e libertadora.

Os jovens vislumbraram na música e nas drogas um meio para a argumentação e libertação dos dogmas, preconceitos e rididez que os ocultam e reprimiam.

Porém, a ideologia de paz e amor que pregavam foram eliminadas através do principal aspecto que constetavam, a partir de um mercado que foi criado com seus principais itens e artefatos para consumo e que os fizeram esquecer dos ideais de desapego do mundo material.

Bibliografia

BRANDÃO, A. C.; DUARTE, M. F. Movimentos culturais de juventude. São Paulo: Moderna, 2 ed. 2004.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_ltA3gcGlscw/TIG5jBg4DzI/AAAAAAAACd0/6jXc4dAj7aU/s400/contracultura1.jpg

Fernanda Gomes Agostinho, aluna do 6º semestre de História

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